sábado, janeiro 16, 2016

A política é uma caixa de surpresas. Nem os escroques se podem esconder nas suas patifarias

A política tem destas coisas.
Em final de 2014, quatro deputados do PSD da Madeira (entre os quais Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD e vice-presidente do parlamento nacional e no pleno exercício das suas funções) na Assembleia da República, mais 2 deputados do PSD dos Açores - um dos quais Mota Amaral, ex-Presidente do Governo Regional dos Açores e ex-Presidente da Assembleia da República - foram alvos de um processo disciplinar solicitado pelo maçónico Montenegro - continuo a não perceber o que espera para se pôr a andar, já que as pessoas estão fartas de o ver e ouvir depois da lenga-lenga de 4 anos em que usou e abusou da força de uma maioria absoluta que tudo permitia - pelo simples facto de terem alegadamente furado a disciplina de voto imposta pela dupla Passos-Montenegro.
Rui Barreto do CDS já tinha sido antes deste caso, vítima dessa patifaria que transforma os deputados nuns robots tutelados por uns tantos idiotas que julgam que a política só existe quando e sempre que se faz a sua vontade.
Os quatro deputados do PSD-Madeira - que se limitaram a cumprir instruções da Comissão  Política Regional quando perceberam que os compromissos assumidos por Lisboa em matéria de Orçamento de Estado para 2015 seriam desrespeitados por atitudes persecutórias e revanchistas deliberadamente desencadeadas contra a Madeira, não por ela, mas por causa de Alberto João Jardim então na chefia do Governo Regional - votaram contra o OE-2015, quando o encarneiramento da maioria absoluta de então, felizmente desfeita, era a de votarem a favor. Ou seja, Passos e o maçónico Montenegro queriam que os deputados madeirenses votassem contra a própria Madeira, transformando-os em meros palhaços de uma palhaçada bem maior que foram esses 4 anos de austeridade, de roubalheira, de mentira e de demagogia, de esbanjamento de milhões com os bancos e o sistema financeiro capitalista, graças ao que foi roubado com salários e pensões e reformas.
Obviamente que Guilherme Silva, Hugo Velosa, Correia de Jesus e Francisco Gomes acabaram condenados. Recordo que Rui Barreto do CDS-M também se absteve neste orçamento em sede de votação final, ao contrário dos deputados social-democratas dos Açores que acabaram por alinhar com o partido nacional, apesar de tudo o que se passou, segundo eles, em prejuízo dos Açores.
Os deputados madeirenses recorreram para o Tribunal Constitucional que acabou por lhes dar razão e considerar ilegal a penalização aprovada pelo Conselho de Jurisdição liderado pelo estranhíssimo Calvão da Silva, o tal ministro por semanas que fez a figura que fez no temporal no Algarve e nas cheias por ele causadas.
Na altura critiquei, e mantenho essa crítica, o facto do  PSD-Madeira, já com a nova direcção, não ter manifestado qualquer solidariedade para com os visados (mesmo que não fosse sentida nem verdadeira, apenas meramente institucional), antes tendo mesmo havido mesmo declarações demarcando-se do voto contrario escolhido pelos referidos deputados.
O mundo dá de facto muitas voltas
Nem mais, escassos meses depois desses acontecimentos e temos mais do mesmo, com os mesmos patifes do primeiro caso, com o mamo fundamento, embora agora com vítimas diferentes. O patético Passos, que é incapaz de evitar dar para as pessoas a imagem de um homem orgulhoso, sedento de poder e com ma ânsia incontrolável de vingança perante tudo o que se passou na política nacional, mais o maçónico Montenegro, voltaram a queixar-se dos deputados madeirenses - Madruga, Berardo e Neves - por terem votado a favor de um rectificativo que resolvia o problemas que o BANIF criou quando o PSD passista tinha optado pela abstenção.
Claro que apareceu logo um coro imenso de críticas a se solidarizarem com os deputados e defenderem o voto por eles mantido em São Bento. Ou seja, dois pesos e duas medidas para situações rigorosamente iguais. Ao silêncio do que se passou no passado recente, seguiu-se um coro ensaiado de contestação e de protesto que sendo legítimo não esconde a contradição de uma postura partidária que tem que ser mais coerente para ser levada a sério. Miguel Albuquerque obviamente reagiu incomodado, sem grandes protestos, mas lá foi revelando que os deputados serão defendidos pelo partido e que é bom que o PSD nacional se vá habituando a procedimentos semelhantes, sempre que for necessário. Muito bem. O problema, repito e insisto, foi a falta de solidariedade em relação aos 4 deputados madeirenses eleitos na Legislatura anterior.
Que diferença há entre o que se passou com Guilherme Silva e os seus três outros colegas e o que se passou agora com Madruga da Costa e os dois outros deputados social-democratas?
Os protagonistas da perseguição - Passos e o maçónico Montenegro - foram os mesmos, os motivos não se alteraram - a disciplina de voto - e como pano de fundo esteve o orçamento de 2015, no caso anterior e o rectificativo reportado ainda a 2015 agora, que resolvia o berbicacho do BANIF. Um tema que estou certo vai dar ainda muito que falar e que poderá deixar um rasto de problemas políticos que exigem atenção redobrada.
Porque não se demite?
As pessoas sabem que eu acho que Passos Coelho se deve demitir da liderança do PSD, fazendo o mesmo que Portas. Desconfio que Passos apenas permanece agarrado ao lugar porque pretende continuar a ir a reuniões europeias da direita, provavelmente em busca de um qualquer tacho no estrangeiro. Quer combater o seu próprio ostracismo. De resto transmite aos cidadãos a imagem de um político ultrapassado pelos acontecimentos (Espanha acaba de eleger para Presidente do Congresso um socialista, quando foi o PP a ganhar as eleições, processo que me fez recordar a eleição de Ferro Rodrigues na Assembleia da República), sedento de vingança, que pateticamente ri por tudo e por nada, provavelmente porque não é capaz de olhar para o rasto de merda que deixou atrás de si, acabando por manter o PSD refém de uma utopia vingativa idiota que retrata bem o patético de tudo isto.
Portas, que deitado sabe mais de política que Passos acordado percebeu a tempo tudo o que estava em causa e demitiu-se no momento próprio. Passos vai chegar ao Congresso do PSD em Abril eleito pela corte do costume, mas com uma mão vazia e outra cheia de nada. Não tem condições para continuar a liderar o PSD que precisa de uma nova imagem, de novas ideias, de novos protagonistas. Passos é o rosto da austeridade selvagem, da roubalheira, das dezenas de milhares de euros enterrados nos bancos e no sistema financeiro capitalista corrupto. Passos é o rosto do caso do BANIF que foi deliberadamente escondido para não interferir com a campanha eleitoral de Outubro. Passos é o rosto das mentiras do governo sobre este e outros dossiers, como ainda ontem ficamos a saber com a divulgação de mais uma carta da Comissão Europeia. Passos é o rosto da mentira, da aldrabice e do embuste, por exemplo com a devolução da sobretaxa do IRS. Passos é o rosto da mediocridade que também marcou o percurso deste seu PSD, um PSD deformado, de direita, sem valores, sem princípios, sem nada a vem com a social-democracia e com o carisma de Sá Carneiro.
Depois da derrota nas autárquicas de 2013, da derrota nas regionais nos Açores em 2012, da derrota nas europeias de 2014, que não foi maior graças à abstenção e à coligação, o que salvou este percurso de merda foi a vitória do PSD da Madeira nas regionais - sem que Passos tenha tido qualquer mérito nisso, pelo contrário, ia deitando tudo a perder - de Março de 2015 sem esquecer o facto da coligação PAF ter perdido quase 800 mil votos e 25 deputados, perdendo a maioria absoluta e a confiança da esmagadora maioria dos portugueses já que nem chegou aos 40% dos votantes com mais um recorde de abstenções (44,2%).
Quando Passos insiste nestes procedimentos de deliberada perseguição de deputados em vez de dialogar com eles - não poupando nem a ex-ministra da Justiça do seu próprio governo, Paula Teixeira da Cruz, só me resta esperar que os social-democratas, saibam reagir a tempo em defesa do PSD, da sua história, da sua credibilidade. Se não o fizeram vão arrepender-se e poderá ser tarde demais. Mesmo que eu penso que na realidade o PSD nacional foi apenas usado por uma corja de bandalhos para tomar o poder de assalto já que o futuro do partido a eles pouco ou nada lhes interessa ou diz respeito.
Em resumo, o que se passou com os novos deputados do PSD-Madeira é intolerável, criminoso, patético, absurdo, idiota e mostra bem a falta de carácter da liderança do PSD nacional nos diferentes níveis, o político e o parlamentar. Trata-se de mais uma patifaria de Passos Coelho e do maçónico Montenegro, uma atitude própria dos escroques e que apenas confirma o que já repetidamente tenho afirmado sobre a necessidade que o PSD tem de se ver livre desta corja de bandalhos que o tomarem de assalto, alegadamente por via do acesso privilegiado a informação interna que outros concorrentes não tiveram. E daqui não saio, gostem ou não de ouvir ou ler. Fiquem bem os que acham que não tenho razão para expressar este meu radicalismo anti-Passos. Que assumo descomplexadamente (LFM)

Sem comentários: