sexta-feira, março 25, 2016

Bruxelas: não sou “Je suis” coisa nenhuma. Recuso acender velas ou colocar à espera que tudo se volte a repetir. Porque temo pelo quotidiano dos europeus e temo pela vitória de Trump

Em primeiro lugar, e tal como fiz com  os atentados em Londres, Madrid e Paris, neste blogue não passam notícias sobre os atentados terroristas que estão a massacrar a Europa, a atemorizar os europeus e a colocar a garantia de segurança colectiva a que temos direito distante do que todos queremos perante a passividade dos europeus e dos governos e a incompetência das estruturas policiais, militares e de investigação, que se revelam incapazes de articularem uma acção comum de combate ao terrorismo e às novas ameaças que esta nova guerra do século XXI coloca aos nossos países.

Em segundo lugar “Je ne suis“ coisa nenhuma porque não alinho na hipocrisia idiota de manifestações populistas e demagógicas de solidariedade mediática para com quem morreu e que nada resolvem, sobretudo não devolvem a vida nem combatem o medo e o terror. Não resolveram nada depois do que se passou em Madrid, entretanto caído no esquecimento; não resolveram nada depois do que se passou em Londres, entretanto caído no esquecimento; não resolveram nada depois do que se passou em Paris com o Charlie Hebdo, entretanto tudo isso caído no esquecimento; não resolveram nada depois do que se passou em Paris no Bataclan e noutros locais, tudo entretanto quase em veias de também cair no esquecimento.
Não, comigo essa procissão de idiotices não colhe. Não acendo vela por ninguém, não coloco flores no chão por ninguém, não medito sobre nada, não assino declarações nem reivindico nada. Porque tenho as minhas ideias, muito claras, cada vez mais consolidadas, à medida que constato que o medo é parceiro inseparável do quotidiano europeu, Recuso slogans que se repetem, mudando apenas os bonecos, as cidades, os locais do terror e as causas. Recuso fechar os olhos ao facto de que são os estados europeus ocidentais e suas empresas, todas deles conhecidas, que vendem armas a terroristas e vendem-nas sabendo que elas podem gerar um retorno contra os próprios europeus ou nacionais desses países. Recuso alinhar em prol das tretas em torno da comunicação social que se acha no direito, quando a segurança colectiva está ameaçada, de noticiar como quer e quando quer, como se nada de especial se passasse “lá fora” tentando ignorar que em determinados momentos não há fontes, nem “cáchas”, nem furos de primeira página, nem exclusivos, etc. A comunicação social tem responsabilidades acrescidas e tem deveres que nada têm a ver com o direito à informação ou com a liberdade de informação. Mas quando tudo isso incorre no risco de colocar em causa a segurança dos cidadãos e ameaçar operações de investigação muitas vezes em curso, as coisas mudam de figura e a comunicação social se necessário for tem que responder pelo que não fez e devia ter feito.
Não sou “Je suis” coisa nenhuma porque tenho um ódio dos capitalistas que se movem no esgoto e que jogam nos dois tabuleiros ao mesmo tempo financiando o terrorismo e depois clamando mais eficácia dos governos europeus no seu combate a esta ameaça global e real.
Não, eu não sou “Je suis” coisa nenhuma porque tenho medo que Trump, a reboque de toda esta merda que nos tem aterrorizado, seja eleito Presidente dos EUA. E a partir desse momento não sei o que nos pode acontecer a todos nós, não sei mesmo.
Não, não sou “Je suis” coisa nenhuma porque acho que a Europa deve suspender de imediato, e pelo tempo que for necessário, o espaço Schengen no seu território, porque esta abertura de fronteiras facilita a circulação de pessoas e alimenta o terrorismo, graças aos egoísmos nacionais e à incompetências das autoridades. Caso contrário resta que aguardemos o próximo atentado, as próximas mortes e demais vítimas, as manifestações tontas do costume, um patético mais do mesmo. Até que um ditador qualquer, à escala europeia, ou algum, movimento político  mais radicalizado comece a emergir perigosamente no seio das democracias fragilizadas em que vivemos e que não somos capazes de defender (LFM)

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