As primeiras eleições na Alemanha após o país ter
aberto as portas a mais de um milhão de refugiados resultaram num desastre para
aquela que tem sido até agora uma inabalável constante da política germânica
pelo menos desde a sua eleição em 2005. Trata-se, claro, de Angela Merkel e do
seu partido, os conservadores da CDU. Quem ganha com isto? A resposta é fácil: acima de
tudo, a AfD, o partido de extrema-direita fundado em 2013 (ano de eleições
legislativas, onde teve 4,7%, à beira dos 5% necessários para entrar no
Bundestag) e aquele que mais se tem oposto à entrada de refugiados no país. No
entanto, a maioria dos votos continuaram a ser depositados em três partidos
pró-refugiados (CDU, SPD e Verdes). Entre estes, os Verdes passaram para
primeiro lugar em Baden-Württemberg — e a SPD continua como maior força política
na região de Rheinland-Pfalz.
Porém, os números são incontornáveis: a CDU perdeu em
toda a linha. Nas três regiões que foram a votos, a CDU perdeu votos em todas:
-12% em Baden-Württemberg, -3,4% Rheinland-Pfalz e -2,8% em Sachsen-Anhalt. Só
nesta última é que a CDU saiu como partido mais votado — repetindo assim o
feito eleitoral de 2011, ano em que também saiu em primeiro em Baden-Württemberg.
Contrastando com isto, está a AfD, cuja votação subiu
consideravelmente nas três regiões tendo em conta o resultado de 1,9% que
obteve nas eleições legislativas de 2013. Agora, pela primeira vez que foi a
votos nestas três regiões, não ficou abaixo dos 10% em nenhuma delas. Mais
concretamente, teve 15,1% em Baden-Württemberg, 12,6% em Rheinland-Pfalz e
24,2% em Sachsen-Anhalt.
Estes resultados permitiram que a AfD passasse a ser a
terceira força política em Baden-Württemberg e em Rheinland-Pfalz. Mais
significativo é o resultado em Sachsen-Anhalt, na antiga Alemanha de Leste,
onde agora é a segunda força mais votada.
Mas não foi só à direita que a CDU de Angela Merkel
perdeu votos. No caso da região de Baden-Württemberg (no Sul, fazendo fronteira
com a Suíça e a França), os Verdes (esquerda ecológica) conseguiram passar à
frente da CDU, ao atingirem 30,3% dos votos. No entanto, a situação nesta
região não se altera tanto quanto os números podem sugerir: os Verdes já
estavam à frente desta região, depois de se terem aliado ao SPD
(social-democrata) a seguir às eleições de 2011 (Observador)
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