segunda-feira, abril 18, 2016

Costa e PS furiosos com Bloco?

A ‘geringonça’ abanou violentamente esta semana. O Governo ficou estupefacto e furioso com a barragem de críticas ao primeiro-ministro feitas pela líder bloquista, Catarina Martins, por causa da banca. Tudo culminou no debate parlamentar de ontem, onde Catarina Martins fez a intervenção mais agressiva de sempre contra António Costa: «Não queremos outra escorregadela como a do Banif, em que o Banco de Portugal fez o que entendeu, o Santander ganhou o que queria ganhar e o seu governo perdeu a maioria parlamentar». Ao lembrar a Costa que «perdeu a maioria parlamentar» quando decidiu a solução do Banif – aprovada com os votos do PSD –, Catarina fez ver duramente ao primeiro-ministro que tem uma espada de Dâmocles em cima da cabeça. O Governo Costa só continuará a existir se aceitar um conjunto de exigências difíceis de compaginar com as estritas regras europeias. A ameaça de Catarina Martins deixou o Governo gelado.

Mas a questão vinha de trás. O Governo, apurou o SOL, já tinha ficado furioso com a alusão de Francisco Louçã, na TVI, na terça-feira, a uma alegada ‘conspiração’ entre António Costa, o governador do Banco de Portugal e o Presidente da República em defesa da solução do ‘banco mau’. Louçã deu a entender que o facto de António Costa, Carlos Costa e Marcelo estarem todos de acordo sobre a necessidade de criar um ‘banco mau’ para resolver o crédito malparado da banca significava que tinham já discutido os três a solução e estavam a estudá-la em conjunto. Louçã lembrou, tal como ontem fez Catarina, que o Governo precisa de ter cuidado com as opções políticas porque está dependente de uma maioria de esquerda: «É bom de evitar que haja tensões políticas sobre as questões financeiras porque isso significaria fragilidade estrutural da maioria e das forças que a apoiam». Dias depois, Catarina Martins afirmava que não aceitará o Programa de Estabilidade do Governo se este incluir ajudas à banca. Fonte do Governo desabafa ao SOL que o posicionamento do Bloco e o discurso de Catarina Martins no debate quinzenal não foi o de «um partido que tem um acordo com o Governo, mas o do Bloco de 2009 que estava em oposição ao Executivo de José Sócrates».
‘Deslealdade’ do BE e o contraste com o PCP
A situação foi considerada tão grave que entre os socialistas fala-se mesmo em «deslealdade» do Bloco de Esquerda, em contraposição à «total lealdade do PCP» (texto das jornalistas do Sol, Ana Sá Lopes e Margarida Davim)
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António Costa apanhado de surpresa com tom duro de Catarina Martins
O primeiro-ministro e o PS foram apanhados de surpresa com o tom duro de Catarina Martins. A deputada do Bloco de Esquerda fez um inquérito cerrado ao primeiro-ministro sobre os problemas no sistema financeiro. António Costa sublinhou que há várias opções para o Novo Banco e quem decide é o Governo. Tudo isto aconteceu enquanto o deputado socialista Porfírio Silva lamentava no Twitter e no Facebook a agressividade da deputada bloquista.

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