sábado, abril 16, 2016

Empresas americanas têm €1,24 biliões escondidos em paraísos fiscais

De acordo com uma investigação da Oxfam às 50 maiores empresas dos Estados Unidos, a Apple tem quase €161 mil milhões ocultados offshore, seguida da General Electric, com €106 mil milhões, e da Microsoft, com €96 mil milhões. Gigantes empresariais dos Estados Unidos como a Apple, a Walmart e a General Electric mantêm um total de 1,4 trilhões de dólares (1,24 biliões de euros) escondidos em paraísos fiscais, apesar de receberem milhares de milhões de dólares de apoio dos contribuintes. A denúncia é feita pela organização antipobreza Oxfam, que investigou a origem e paradeiro do dinheiro das 50 maiores empresas norte-americanas e apurou que esse valor, correspondente ao conjunto da produção económica da Rússia, da Coreia do Sul e de Espanha, é mantido numa "rede secreta e opaca" de 1608 subsidiárias com sedes offshore.

Num relatório intitulado "Broken at the Top", a Oxfam reage à maior fuga de informação da história, o caso Panama Papers, falando em mais uma prova do "abuso sistemático e massivo" do sistema global tributário por algumas das maiores empresas do mundo.
Entre elas conta-se a Apple, a segunda maior multinacional que ocupa o primeiro lugar da tabela da Oxfam, com cerca de 181 mil milhões de dólares (quase 161 mil milhões de euros) escondidos em três subsidiárias offshore. A General Electric — conglomerado com sede em Boston que, segundo a organização, recebeu 28 mil milhões de dólares (quase 25 mil milhões de euros) dos contribuintes — surge em segundo lugar, com 119 mil milhões de dólares (106 mil milhões de euros) armazenados em 118 subsidiárias instaladas em paraísos fiscais. O terceiro lugar é ocupado pela Microsoft, concorrente direta da Apple, que tem 108 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros) escondidos offshore.
No top-10 incluem-se ainda empresas como a gigante farmacêutica Pfizer, a Alphabet (conglomerado que detém a Google) e a Exxon Mobil, a maior empresa petrolífera do mundo que não é detida por um estado produtor de crude.
No relatório, a Oxfam põe em contraste os milhares de milhões de dólares escondidos offshore com o total de impostos pagos pelas 50 maiores empresas dos Estados Unidos entre 2008 e 2014 — cerca de 888 mil milhões de euros — sublinhando que, ao todo, estas empresas tiraram proveito de 11.200 milhões de dólares (9950 milhões de euros) em empréstimos federais, resgates e em garantias de empréstimos durante o mesmo período.
Ao todo, aponta a organização não-governamental, o recurso a paraísos fiscais por estas empresas ajudou-as a reduzir a sua taxa efetiva de impostos sobre 4000 milhões de dólares de lucros (3550 milhões de euros) de 35% para 26,5% entre 2008 e 2014. Isto, aponta ainda a Oxfam, ajudou as empresas a gastar milhares de milhões de euros num "exército" de lobistas cuja responsabilidade é angariar mais apoios do Estado às atividades das empresas, na forma de empréstimos, resgates e garantias, tudo isto financiado pelos contribuintes.
"Estas 50 empresas receberam em cojunto 130 dólares em isenção de impostos e 4000 dólares em empréstimos, garantias e resgates por cada dólar gasto em lobistas", refere a organização. Citado pelo "The Guardian", Robbie Silverman, conselheiro da Oxfam, acrescenta: "Mais uma vez temos provas de um abuso sistemático massivo do sistema global tributário. Não podemos manter esta situação em que os ricos e poderosos não pagam a sua quota parte de impostos, deixando-nos a pagar a conta. Os governos de todo o mundo devem juntar-se para acabar com a era dos paraísos fiscais." (Expresso, texto da jornalista Joana Azevedo Viana)

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