quinta-feira, abril 07, 2016

Opinião: o que impede a SDM de desafiar partidos e comentadores?

É sabido que sempre que se fala do lado negro dos paraísos fiscais, vulgo offshores, a  Madeira e o seu CINM são metidos ao barulho. Não há volta a dar, infelizmente, a esta realidade, diria uma sina. A amplitude desse envolvimento depende apenas da dimensão da polémica mediática em torno do tema. Não há nada a fazer. Provavelmente há uma culpa própria passada da SDM que em determinados momentos de maior pressão e polémica sobre este assunto,  deveria ter agido de forma contundente na reacção perante insinuações e  falsidades. Mas não o fez, muitas vezes porque pretendeu refugiar-se no silêncio, não criar problemas a governos em Lisboa e mesmo no Funchal, devido a negociações então em curso e não hostilizar a comunicação social.

O problema é que esse lado negro do debate sobre os paraísos fiscais "versus" CINM - a confusão tremenda entre o CINM  e os paraísos fiscais - têm a sua origem exactamente nos meios de comunicação social, ou por causa de reportagens que revelam uma falta de informação, que não é totalmente imputável apenas aos jornalistas. Isto de querer "sacrificar" jornalistas na praça pública, quando a pressão maior é originária de comentadores - que não são jornalistas - e partidos políticos, que regra geral vão a reboque dos factos à medida que eles são suscitados nos média. Esta semana viu-se bem o que se passou.
Neste quadro, acho muito sinceramente - reafirmando as minhas reservas profundas à política de comunicação e ao relacionamento que a SDM mantém com os jornalistas - que o que a SDM neste momento tem que fazer é apenas isto:
- desafiar os partidos, os políticos e os comentadores, identificando-os, não caindo no erro da generalização idiota, a informar publicamente quais são as entidades internacionais - Comissão Europeia, ONU, UNESCO, etc - que incluem a Madeira na lista dos paraísos fiscais europeus ou mundiais. Não caiam por favor no erro patético, próprio de analfabetos informáticos, de veicularem listagens ou artigos de opinião publicados antes de 2010 ou mesmo antes disso (isto faz.me lembrar o aeroporto da Madeira que continua aqui ou acolá a figurar na lista dos aeroportos mais perigosos do mundo, entre outros motivos, por ter uma pista de 1600 metros, algo que pertence ao passado).
O desafio que eu deixo à SDM é que passe a ter a iniciativa, passe ao ataque, não a reboque dos factos à medida em que eles vão acontecendo, exija que os partidos divulguem quais as entidades que no final de 2015 ou já em 2016, incluem O CINM e a Madeira na listagem dos paraísos fiscais (offshores) mundiais.
Caso não o façam podem de devem ser acusados de demagogia, má-fé, mentira e bandalhice. E a SDM deve dizer isto com todas as letras. Porque é preciso saber o que está em causa e não deixar que uns quantos hipócritas possam prejudicar uma região e um povo por causa de fundamentalismos políticos patéticos. Mas tudo isto tem que assentar na verdade e na transparência, Por isso acho importante que a SDM diga se teve ou não em algum momento relações directas ou indirectas com a empresa agora colocada no epicentro deste vulcão. Que promete muita porcaria, apesar de serem conhecidos os instrumentos ao dispor daqueles que pretendem a todo o momento controlar a comunicação social e limitar os prejuízos numa gestão de crise que não é fácil de ser feita (LFM)

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