Marcelo Rebelo de Sousa tem uma coisa
que para ele é uma vantagem mas que para os jornalistas pode virar um obstáculo,
diria uma espécie de "pesadelo". Ao contrário dos anteriores PR, a maioria
dos quais cultivavam uma imagem austera e pouco dada a grandes euforias
populistas ou a interesseiras "intimidades" com os jornalistas.
É um facto inegável
que MRS sabe como gerir esse relacionamento, não foge dele, vai ao encontro dos
média, tem sempre alguma coisa a dizer mesmo quando nada há para dizer, opina
sobre tudo o que entende, se quiserem opina todos os dias sobre banalidades ou
questões importantes.
Um estudo recente
revelou que Marcelo Rebelo de Sousa “está no top
das notícias há três meses. Desde que tomou posse como Presidente da República,
o antigo comentador domina os noticiários e as primeiras páginas dos jornais. O
Barómetro de Notícias do ISCTE analisou à lupa toda a comunicação social e
encontrou 388 notícias de abertura com Marcelo. O sistema financeiro é o
assunto favorito. Sobre os temas ditos fracturantes, o Presidente evita falar”.
Penso que MRS
terá dado um exemplo recente, mais um, de como sabe gerir esta matéria (como
ele acho que Fernando Ulrich, Presidente do BPI não lhe fica atrás, até pela
experiência que também teve, tal como MRS, na comunicação social).
A maioria das
pessoas, sobretudo os jornalistas, interrogaram-se com o anúncio de MRS de que
seria pedida uma auditoria às contas da Presidência da República com o objectivo turvo de esclarecer
como era gasto o orçamento anual e que melhorias podia ser introduzidas. Isto
escassos quatro ou cinco meses depois da primeira auditoria do Tribunal de Contas a Belém que deixou varias alertas e recomendações (aqui).
Não se percebeu
bem o alcance da revelação de MRS nem propósito. Esta semana com a detenção do
responsável pelo museu da Presidência (aqui), admito que MRS tinha conhecimento do que
se passava (aqui) e, mais do que isso, antecipou-se a qualquer revelação policial ou
judicial, anunciando (aqui) a tal auditoria que acabou por "matar"
qualquer ambiente mais especulativo e tirou capacidade de iniciativa a terceiros.
Passou a ser ele, MRS, lui-même, a comandar as operações, mesmo sem revelar
nada de concreto, pois a comunicação social nada revelou sobre as investigações
que alegadamente foram realizadas durante meses a uma personagem que foi
condecorado por Cavaco Silva. Curioso. Mesmo que MRS negue que tenha tido conhecimento do que se passava - aliás o Sol e o Jornal I do mesmo grupo deram hoje conta disso - a percepção de quem anda nisto há uns anos é a de que MRS sabia o que se passava e sabia do que falava e porque falava nos termos em que o fez (aqui). (LFM)
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