sábado, julho 16, 2016

Opinião pessoal: A Europa, o terrorismo e a hipocrisia generalizada

A Europa não tem condições para garantir a segurança dos europeus. Ponto final. Eles não querem que se diga isso, mas a verdade é esta.
O espaço Schengen é um bluff que Espanha e Itália sempre olharam com desconfiança enquanto fortes fenómenos internos de terrorismo. A Inglaterra recusou sempre aderir essencialmente porque não abdicou do controlo das suas fronteiras mas sobretudo porque tinha problemas concretos de terrorismo na Irlanda do Norte.
Tudo começou na cidade luxemburguesa de Schengen, em Junho de 1985, quando foi assinado o acordo de livre circulação envolvendo inicialmente apenas  cinco países que aboliram dos controles de fronteiras. Posteriormente, o Tratado de Lisboa, assinado em 13 de Dezembro de 2007, modificou as regras jurídicas do espaço Schengen. Embora teoricamente não existam controles nas fronteiras internas do espaço Schengen, esses controles podem ser reactivados temporariamente pelos estados aderentes caso sejam considerados necessários para a manutenção da ordem pública ou da segurança nacional.

A chamada livre circulação de pessoas pelo espaço europeu tem sido também a causa da diversificação operacional do terrorismo. Basta lembrar que alguns dos autores envolvidos nos atentados de Paris, no dia seguinte eram perseguidos em Bruxelas! As pessoas deixaram de ser controladas, as policias secretas são olhadas com desconfiança e viram muitos recursos serem-lhes retirados, a eficácia dos serviços secretos e de informação desvaneceu-se pelo que os atentados terroristas na Europa são, para os seus mentores e executantes, apenas uma questão de tempo, de escolha do local, de preparação e de execução.
Esta impotência europeia agravou-se com a vergonha que se passou no Médio Oriente, graças à ganância der países ocidentais. Derrubaram Saddam Hussein mas esqueceram-se de garantir a ascensão de um líder alternativo forte capaz de manter o Iraque unido e as suas fronteiras seguras. Perseguiram e mataram Kadafy na Líbia, país que é essencial na África do Norte, já que além do caos interno em que está mergulhado, continua a ser uma ponte de emigração para a Europa de refugiados e terroristas à mistura. Mas esqueceram-se de garantir, a exemplo do Iraque, a promoção de um líder árabe forte, sem qualquer vínculo submisso perante o ocidente, mas que fosse capaz de garantir a unidade do país e a segurança das suas fronteiras.
Tanto no Iraque como na Líbia os países ocidentais precipitaram-se e deram origem a fenómenos de radicalização nas sociedades árabes, que acabaram por ser a fonte de radicalismos ideológicos e sociais que explicam o crescimento terrorismo que hoje se está a disseminar e que não sei se alguma vez será controlado. E como se tudo isto não chegasse eis a guerra na Síria, com os países ocidentais a protagonizarem um vergonhoso papel de hipócritas, por um lado reclamando a paz, mas por outro enchendo a pança de duvidosos movimentos oposicionistas e , por outro, exigindo a demissão do líder sírio.
Enquanto a situação na Síria se mantiver, enquanto o chamado Daesh controlar parte dos território no Iraque, na Síria e nalguns países da costa norte africana, com particular destaque para a Líbia, a Europa estará sempre e cada vez mais ameaçada.
Depois acontecem os atentados. D todos somos obrigados a aturar aquelas declarações dos políticos idiotas que estão a destruir a Europa, mas que não passam de uma corja de bandalhos oportunistas a chorar perante os média lágrimas de crocodilo para enganarem as pessoas.
A França é um triste exemplo disso. Curiosamente sempre que se fala em défice das contas públicas ou na macabra história dos 3% do défice alguma coisa acontece naqueles lados como que a desviar a atenção e em certa medida justificarem gastos orçamentais. A segurança acaba por ser pretexto para tudo. E agora também os refugiados que reconhecidamente encontram em França as maiores dificuldades de integração social
Depois dos atentados o que acontece em França, numa França mergulhada em estado de sítio e com milhares de agentes policiais e militares mandados para as suas?
Chapa 4: Hollande choramingão vem para a televisão numa montagem em que só falta um desmaiozito, carpir lágrimas de crocodilo, anuncia o reforço da presença policial ou militar na rua, prolonga o estado de estado de emergência - como se a sua existência travasse os actos terroristas - os dirigentes políticos fazem uma “procissão” de choraminguice hipócrita nas televisões e nos jornais, mas tudo se mantem rigorosamente na mesma. A França não tem condições para garantir a segurança dos seus cidadãos, tal como outros países. Por isso serão sempre alvos preferenciais. Os serviços secretos e de informações são uma trampa, são alvo de ataques depois dos atentados, as suas chefias são impostas e por isso manipuladas pelo poder político, há interesses de empresas ligadas ao negócio do armamento que continuam a jogar nas duas margens do rio, vendendo milhares de milhões em armas, somando lucros absolutamente pornográficos, armando movimentos terroristas que depois actuam na Europa, etc.
E que dizer daquelas declarações tontas de membros da Comissão Europeia e de outros alguns exemplares de uma brigada do reumático instalada em tachos feitos à medida e de outros dirigentes europeus sem legitimidade, uns e outros a dar corpo a uma corja de bandalhos e FDP que estão a destruir a Europa e a alimentar, pela incompetência revelada, esta onda terrorista que mostra capacidade de transformação e de adaptação.
Um terrorismo – resta saber afinal o que é que Bruxelas quer e defende quanto a isso… - que gera insegurança, que multiplica o medo entre os europeus e alimenta o crescimento paulatino de partidos e movimentos xenófobos e fascizantes, uma extrema-direita cada vez mais atrevida, que já ganha eleições ou por lá anda e que ressuscita discursos de um passado histórico europeu ainda recente que todos julgávamos enterrado e fazendo parte apenas de museus ou de outros espaços de memória. Um medo e uma incerteza que acabaram por ser uma das causas próximos dos resultados do referendo na Inglaterra e que tem vindo a aumentar as pressões para a realização de iniciativas semelhantes noutros países europeus.
Ninguém fala nos problemas sociais, na falta de integração de jovens descendentes de emigrantes, árabes, africanos, asiáticos ou outros, que não conseguem emprego e que são atirados para a periferia das cidades e olhados com crescente desconfiança, e que não conseguem contornar as dificuldades no acesso à saúde e à educação e que por causa de tudo isso, se sentem estranhos e desintegrados nos países europeus onde nasceram. Temos por isso fenómenos potencialmente perigosos - como dizia recentemente na televisão um especialista na temática - de radicalização de jovens naturais de países europeus que os rejeitam e com os quais, por isso, querem ajustar contas e vingar-se das dificuldades., Estamos a falar de comunidades jovens que se distanciam da democracia, do modelo de sociedade ocidental, deixando-se facilmente manipulados por visões mais radicais que lhes prometem o paraíso a reboque de concepções religiosas que facilmente os instrumentalizam para cruzadas de ajuste de contas com as sociedades ocidentais que os rejeitam e os colocam à sua margem.
Não nos podemos esquecer também da situação de guerra na Sírias e noutros países árabes, da destruição de vilas e cidades, nos bombardeamentos que matam indiscriminadamente milhares de pessoas, terroristas ou civis inocentes, etc.
Enquanto este ambiente se mantiver no Médio Oriente, a Europa será sempre um alvo preferencial de actos terroristas. E ao contrário do que muitos portugueses julgam - e entre nós há uns otários que acham que ao terrorismo se responde com conversas mansas, manifestações de solidariedade e não com acções preventivas concretas e com medidas que podendo ser impopulares são seguramente necessárias - nem mesmo Portugal está a salvo disso, Aliás, tal como aconteceu noutros países europeus, basta que uma qualquer acção mais violenta possa ter lugar em Portugal e tudo mudará entre os portugueses.
Enquanto persistir esta hipocrisia europeia nada de concreto se vai conseguir. Os europeus continuarão ameaçados pelo terrorismo, os movimentos terroristas que actuam à margem do controlo policial mas no coração das sociedades europeias, continuarão a planificar acções violentas e mortandades para desmoralizar e destruir as sociedades europeias.
Julgo que a implementação do espaço Schengen na Europa foi pensada sem pensar nestes nestas novas ameaças às sociedades europeias e nestes fenómenos terroristas que não são compagináveis com medidas políticas populistas, claramente responsabilizadas pelas facilidades que aparentemente movimentos terroristas ou personagens apontadas como perigosas para a Europa parecem contar na planificação e execução das suas acções violentas. Admito que o espaço Schengen seja olhado como um facilitador do terrorismo, e um obstáculo, mais um, para a eficácia dos serviços secretos e de informação europeus cuja necessidade nos tempos que correm é cada vez maior.
Temo que à medida que estas ameaças de concretizem e que os actos terroristas se intensifiquem - e veja-se a cadência de atentados em França e noutros países europeus - que a extrema-direita, apologista de medidas mais radicais de reforço do controlo das fronteiras externas dos diferentes países e pelo reforço indiscriminado dos recursos colocados ao dispor de estruturas policiais que se não forem devidamente controladas podem elas próprias revelar-se uma potencial ameaça para a segurança e a democracia europeia. Tal como o são o esvaziar de competência e de meios colocados à disposição dos serviços de segurança e de informação dos quais nenhum estado-membro, perante a incapacidade europeia neste domínio, deve abdicar para garantir a segurança dos seus cidadãos e do seu espaço territorial. (LFM)

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