"A indústria do fogo dá dinheiro a muita gente." A frase foi dita pelo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, na Assembleia da República, quando as chamas lavravam em força no Norte e Centro do País. O governante não entrou em pormenores, mas a informação disponível revela que só o maior "operador neste mercado" recebeu mais de 48 milhões de euros apenas em 2015. De acordo com o portal Base do Governo – onde estão publicados os contratos por ajuste direto feitos entre o Estado e entidades privadas, a empresa Everjets adquirida pelo dono da BragaParques, Domingos Névoa, em fevereiro do ano passado, já depois de o contrato estar assinado –, o valor do negócio ascende aos 48,127 milhões de euros para operar e manter os helicópteros pesados ao serviço da Autoridade Nacional de Proteção Civil durante quatro anos.
Recorde-se que a adjudicação foi assinada pelo presidente da ANPC em dezembro de 2014, entrou em vigor em 2015, e que a Everjets apresentou o valor mais baixo entre as empresas que se apresentaram a concurso. O negócio chegou a ser alvo de investigação por parte do Departamento Central de Investigação e Ação Penal e da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ. Este valor deixa de fora, por exemplo, situações como a ocorrida em abril deste ano. Deveriam estar disponíveis seis helicópteros pesados (vulgarmente conhecidos por Kamov) para combater fogos, mas um caiu e dois estão avariados. O mesmo secretário de Estado garantiu na altura que "já foi discutido em sede de Orçamento de Estado na Assembleia da República" a dotação orçamental para a reparação, com mais custos para o erário público. Estes helicópteros só deverão voltar a operar em 2017 (Correio da Manhã)
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