domingo, agosto 14, 2016

Incêndios na Madeira: deixem-se e conversas da treta ou pregar moralismos quando a desgraça só aconteceu ao vizinho do lado


Li no Facebook o seguinte comentário:
"O incitamento à revolta, a exigência de cabeças, a tentativa de manipulação da populaça sabendo que está está traumatizada, desorientada, sensível e extremamente vulnerável ,por parte de elementos que pertencem ou pertenceram a partidos políticos, ou mesmo alguns jornalistas que não estando no terreno vomitam uma série de pseudo-conhecimentos, sem qualquer base científica apenas para deitar mais gasolina para a fogueira, causa-me nojo. Estás atitudes, neste momento- com chamas por apagar e pessoas por alojar, são no mínimo ignóbéis".
Pois é! Mas façam a pergunta aos que perderam bens, perderam a casa e perderam familiares. Depois falamos. Há discursos lindos que mudam logo quando a desgraça nos toca à porta. Consta que o tipo que está preso e confessou ter causado o início em São Roque já tinha sido preso em 2010, mas nessa altura não se provou nada. Agora confessou. Não se trata da apologia da justiça popular pela justiça popular. Trata-se de reclamar da justiça e da investigação policial que sejam eficazes. E de coragem política sem receio seja de quem e do que for. Querem um exemplo simples e concreto já que o mais importante (cuidar da floresta)  continua por fazer? Proibição total de dar fogo nas festa religiosas de verão e aplicação de multas pesadas a queimadas sem autorização e sem estarem devidamente vigiadas. No caso da Madeira, quais são as zonas que são consideradas de alto risco em caso de incêndios florestais? Quantas habitações existem nessas áreas? Quantas pessoas lá vivem? Que tipo de construção existe? E quem tem ou não tem seguros por muito que isto pareça estranho colocar em cima da mesa? Que normas de segurança foram seguidas, por exemplo, para a existência de botijas de gás doméstico nas áreas? Etc. Mas isto não significa que andem uns bandidos pela serra fora a queima-la só para realização pessoal ou vinganças utópicas seja do que for.
Mas não me venham com chavões ou conversas da treta. Façam essa lenga-lenga à família do sr. Aveiro que em Lisboa sofre com mais de 50% do corpo queimado e que luta entre a vida e a morte. Façam esse discurso aos familiares das três pessoas que morreram na zona da Pena. Façam essa conversa aos familiares do bombeiros feridos. Façam essa conversa a quem perdeu tudo por causa do fogo. E depois falamos. Com pragmatismo e sem ingenuidades ou lirismos (LFM)

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