terça-feira, setembro 13, 2016

FT: Portugal não foi longe o suficiente nas reformas para garantir a solidez financeira

Diz o Financial Times que o Governo minoritário socialista é mais apologista de medidas anti-austeridade do que de reformas profundas. Se a DBRS emitir um downgrade no próximo mês, a dívida da República deixaria de ser comprada pelo BCE e isso assustaria os investidores privados e Portugal estaria mais perto de um segundo resgate. Num artigo de opinião publicado no jornal Financial Times, de Tone Barber, editor para a Europa, é dito que Portugal não foi suficientemente longe nas reformas de forma a garantir solidez financeira. O autor diz ainda que o actual governo não é apologista de grandes reformas. Começa por lembrar que Portugal emergiu em Maio de 2014 de um bail-out de três anos de 78 mil milhões de euros. Apesar de ter escapado ao desastre de sair da zona euro, Portugal não fez as reformas suficientes para garantir um sucesso económico e financeiro duradoiro. Dois anos e quatro meses depois da saída da troika, a avaliação que o Banco de Portugal faz à economia, revela que "Portugal está no centro de uma tempestade perfeita de fraco crescimento económico, queda do investimento, baixa competitividade, déficits fiscais persistentes e um sector bancário subcapitalizado e que possui muita da dívida pública do país".

Às voltas com esse desafio está um governo socialista minoritário, "apoiado no parlamento pela extrema esquerda", diz o FT. Aos olhos dos homens de negócios portugueses, o governo está mais inclinado para medidas anti-austeridade que agradam às massas do que a fazer reformas destinadas a melhorar a eficiência do sector público e a incentivar o investimento. A questão é se os problemas de Portugal vão levar a um segundo resgate financeiro inevitável? Pergunta o jornalista. Os economistas da Goldman Sachs estimam que cerca de 46 por cento da dívida de Portugal é detida pela rede da zona do euro: banco central, fundo de resolução da UE e Fundo Monetário Internacional. Outros 14 por cento são detido por investidores financeiros e não financeiros em Portugal, diz o FT.
Os restantes 40 por cento, diz o jornal, são detidos por investidores fora de Portugal e que estão, compreensivelmente, apreensivos com a possibilidade de um segundo resgate que acarrete um write-off da dívida anterior, como aconteceu com os detentores privados de dívida grega que foram submetidos a um hair-cut.

Também o FT volta a pôr a tónica da agência DBRS e a revisão do rating português no próximo dia 21 de Outubro. Apenas uma das quatro agências de notação de rating reconhecidas pelo BCE dá a Portugal a classificação de grau de investimento que o torna elegível para compras do BCE da sua dívida pública. Mas, diz o FT, mesmo com essa avaliação, a agência DBRS, com sede em Toronto, deixou no ar preocupações sobre a desaceleração do crescimento económico de Portugal. Se a DBRS emitir um downgrade no próximo mês, a dívida da República deixaria de ser comprada pelo BCE e isso assustaria os investidores privados e Portugal estaria mais perto de um segundo resgate (Económico)

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