quarta-feira, setembro 21, 2016

Ryanair negoceia ida para o Funchal mas pede desconto nas taxas

O desafio lançado pelo governo regional da Madeira à Ryanair para que a companhia aérea passe a voar para o Funchal foi ouvido na Irlanda e já está a ser analisado. “Estamos em negociações, mas ainda não chegámos a qualquer acordo”, disse Michael O’Leary, presidente da companhia low-cost, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Em Portugal para anunciar reforços na operação – cinco novas rotas em Lisboa e oito novas rotas em Faro -, o polémico gestor lembra que “o Funchal é um aeroporto difícil de operar e por isso ainda não tomámos uma decisão final”. Não é só a dificuldade da pista do Funchal, uma das mais temidas pelos profissionais da aviação, que está a pesar na decisão.
“Os custos daquele aeroporto são elevados. Para irmos para a Madeira queremos custos aeroportuários mais baixos”, admite O’Learym acrescentando que “estamos mais preocupados em crescer rapidamente em Faro, Porto e Lisboa. Paulo Cafofo, presidente da Câmara do Funchal, foi o primeiro a admitir que o modelo de mobilidade do governo regional “padece de uma série de erros que têm de ser corrigidos” e, ainda em março, e desafiou as autoridades regionais a negociarem com a Ryanair. “O governo regional tem, conjuntamente com a ANA-VINCI, de ter a proatividade de negociar com a Ryanair a instalação de uma base na Madeira, com vantagens imediatas para os residentes e para o turismo, introduzindo mais concorrência, cuja falta prejudica imenso a economia local”, disse. Mais recentemente, o secretário regional da economia, turismo e cultura, Eduardo Jesus, confirmou que já apresentou uma proposta à companhia que passa por adicionar a Madeira à sua rede, ligando-a a novos destinos de forma a promover um aumento da competitividade em rotas para o continente. Com essa pasta ainda aberta, O’Leary prepara-se para chegar, em dezembro deste ano, à ilha Terceira nos Açores. Serão estabelecidas três rotas semanais com saída de Lisboa e duas no Porto depois de a operação em Ponta Delgada “estar a crescer nos três destinos (Lisboa, Porto e Londres) disponíveis”. Montijo, a eterna noiva “Estamos a crescer bastante em Portugal. Este ano, Portugal está a beneficiar dos receios de segurança na Turquia, Egito e Tunísia. A Ryanair está a criar novas rotas em Faro, Lisboa, Porto e Ponta Delgada e antevemos um forte crescimento em 2016 e em 2017”, esclarece o diretor executivo da empresa, lembrando que “a questão-chave em Portugal é: será que conseguimos ter um sistema aeroportuário competitivo ou a ANA vai continuar a estabelecer novos preços e a matar o crescimento?” O tema não é novo. Há muito que O’Leary defende a abertura do Montijo como complemento a Lisboa mas, diz agora que defende a passagem do Montijo para outro gestor, que não a ANA. “Estamos interessados no Montijo mas gostaríamos de ver o Montijo com outro operador. Ficando na ANA a questão está em perceber quão mais barato será em relação à Portela”. “Queremos um desconto. Precisamos que o Montijo abra, Lisboa precisa do Montijo agora que é o momento do crescimento”, salientou. Apesar da vontade de fazer avançar o Portela+1, O’Leary diz que a Portela não está em fim de vida como se tem vindo a dizer. “É uma falsa questão”, sublinha. Porquê? “Dizem que o aeroporto está no limite – bem, não está – e agora dizem que a pista está cheia – também não está. Dizem que há um limite de capacidade 35 a 40 movimentos por hora. Mas em Dublin e Londres conseguem-se 55 movimentos por hora. Porque não podemos fazer 55 movimentos por hora em Lisboa?”, questiona, e continua: “o aeroporto está a limitar o crescimento do tráfego em Lisboa primeiro porque não estou certo que eles queiram abrir o Montijo, depois porque querem de alguma forma proteger a TAP e limitar a concorrência à TAP”. Na origem das dúvidas está a consecutiva alteração dos limites da capacidade. ” Aquando da venda da ANA à Vinci ficou estabelecido que o limite do aeroporto seriam 22 milhões de passageiros e que só aguentava dois anos. Agora o limite já mudou. Está sempre a mudar”, justifica (Dinheiro Vivo)

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