sexta-feira, novembro 04, 2016

Comissão Europeia nega tratamento diferenciado a França mas ninguém acredita nestes bandidos

O livro “Um presidente não deveria dizer isso”, da autoria de dois jornalistas e com base no testemunho do Presidente francês François Hollande, aponta que Bruxelas terá dado mais tempo a França para cumprir as metas do défice. Aliás, em junho, já Juncker tinha dado a entrender isso. Mas agora Bruxelas nega, mesmo sem comentar o livro. Bruxelas não comenta o livro “Um presidente não deveria dizer isso”, em que François Hollande revela um "contrato secreto" com a Comissão Europeia para ter mais tempo para corrigir o défice e escapar a sanções. No entanto, o executivo comunitário garante que as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) são iguais para todos os países.

Em junho, foi o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, quem deu a entender que a França tem tido tratamento especial no que diz respeito ao cumprimento das metas do défice. Na altura, questionado porque é que o país conseguia sempre mais tempo para corrigir o défice sem ser sancionado, Juncker respondia “porque é a França”. O livro “Um presidente não deveria dizer isso” – da autoria de dois jornalistas e com base no testemunho do Presidente francês François Hollande – volta a apontar para uma posição privilegiada de França.
Já a Comissão Europeia nega que este país tenha tido tratamento diferenciado. Sobre a ligação entre o episódio de junho e o livro, um porta-voz esclarece: “Ele (Juncker) respondeu "é a França" e depois também disse claramente que a França tem de estar abaixo dos 3% (do PIB)". Segundo Margarithis Schinas, a segunda parte da resposta "não foi noticiada" e a primeira "era mais piada".
Recusando fazer comentários sobre a obra dos dois jornalistas do “Le Monde”, o executivo comunitário garante ainda que não há tratamento diferenciado entre países. "Não comentamos o livro, mas posso assegurar que todos os países têm o mesmo tratamento, de acordo com a sua situação específica, e em linha com o Pacto de Estabilidade e Crescimento”, disse Annika Breidhardt. De acordo com “Um presidente não deveria dizer isso”, Hollande assume que a equipa de Durão Barroso – então presidente da Comissão Europeia – sabia que França não iria corrigir o défice até 2015, aceitando o facto sem sancionar o país. Já com a Comissão Juncker, o governo francês conseguiu mais dois anos - até 2017 - para trazer o défice para baixo dos 3% do PIB. Citado pelos autores do Livro, Hollande explicou que “é o privilégio dos grandes países” (Expresso, texto da jornalista Susana Frexes)

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