No
mesmo dia em que a notícia da candidatura de Nivalda Gonçalves à Câmara
Municipal da Ribeira Brava, Madeira, foi publicada na imprensa regional, com
base em fontes social-democratas não identificadas, Alberto João Jardim
divulgou uma "carta aberta" dirigida ao atual autarca, Ricardo
Nascimento, eleito em 2013 por escolha pessoal do próprio Jardim.
Nivalda
Gonçalves, natural da Ribeira Brava, é presentemente a Presidente do Conselho
de Administração do Instituto de Habitação da Madeira, depois de ter sido
vários anos deputada regional ainda no tempo da liderança de Alberto João
Jardim.
Embora
sem confirmação oficial, as notícias divulgadas davam conta da possibilidade da
substituição do autarca Ricardo Nascimento, também poder estar associado ao
facto deste ter apoiado em Dezembro de 2014, por ocasião das
"diretas" no PSD-Madeira a candidatura de Manuel António Correia,
indicada e apadrinhada pelo próprio Jardim. Uma candidatura que foi claramente
derrotada por Miguel Albuquerque.
No
último Congresso Regional do PSD-Madeira, realizado em Janeiro deste ano, foi
notícia o facto de que tanto Jardim como o seu antigo secretário regional,
Manuel António Correia, terem optado pelo jogo de futebol do Marítimo, nos
Barreiros, a contar para a primeira Liga portuguesa em detrimento da presença
naquele encontro social-democrata.
Os
argumentos de uma espécie de "ajustes de contas" parecem ser
desmentidos pelo facto de outros colaboradores de Manuel António Correia, e que
exerceram funções públicas no seu tempo, continuarem hoje envolvidos em cargos
de responsabilidades no quadro das atribuições do executivo. O mesmo se passou
com os nomes, associados a várias sensibilidades, mas que incluídos na lista
única concorrente ao Conselho Regional dos social-democratas insulares.
Na
carta dirigida ao "mui Ilustre Amigo", Jardim começa por manifestar a
solidariedade pessoal e endereça felicitações "pelo excelente mandato à
frente da Câmara Municipal da Ribeira Brava na sequência de anteriores grandes
Presidentes de efetiva e comprovada formação política social-democrata e
autonomista".
Jardim,
que foi o responsável pela candidatura de Nascimento, ignorando pressões de sectores
partidários locais que apontavam para outras soluções expressa ao autarca a
"satisfação pelo acerto da escolha há quase quatro anos".
"Com
efeito, a auscultação então feita entre os mais diversos sectores credíveis no
Concelho, sobretudo secundarizando as mediocridades partidocráticas, revelou um
consenso à volta do seu nome que felizmente não foi enganado. Ambições
tresloucadas, agora parece que com campo aberto, tentaram já depois do meu
amigo ocupar o que estava decidido, certamente por desconhecimento do que então
era PSD-Madeira bem como da minha maneira de estar na política",
acrescenta Jardim.
Na
"carta aberta" carregada de críticas e de muitas indiretas com
destinatários não identificados, Jardim sublinha "a personalidade e o
prestígio" de Ricardo Nascimento que diz terem sido "suficientes
para, durante a campanha eleitoral (em 2013), anular as estratégias de
traição".
O antigo
Presidente do Governo e líder social-democrata diz que tais " que os
traídos e suas famílias e amigos não esquecem grosserias tacanhas que
penalizarão o PSD durante tempos".
Jardim
vai mais longe e na qualidade de "principal responsável pela sua escolha
(Ricardo Nascimento) " agradece ao autarca da Ribeira Brava "por não
me ter deixado ficar mal", posição que alarga aos atuais Presidentes das
edilidades de Câmara de Lobos e da Calheta cuja recandidatura foi conformada
pelo PSD-Madeira.
"Como
não me deixaram mal todos aqueles candidatos sociais-democratas que não
conseguiram ganhar as respetivas Câmaras, não só devido às dificuldades do
momento, mas sobretudo por causa da miserável conspiração urdida para, a prazo,
vir reduzindo o PSD/Madeira a um Partido como os outros, o que serve o
centralismo, a maçonaria, bem como poderosos interesses antigos e suas atuais
movimentações", diz Jardim.
O
ex-líder dos social-democratas madeirenses diz que "às vezes desgostam-me
aqueles sectores da população, de todos os estratos sociais aliás, que se
contentam em lutar por apenas mais meia dúzia de cêntimos aqui ou acolá, mas
não lutam pela mais Autonomia de que depende o futuro de todos nós, e se
preparam para aceitar um monopólio da imprensa diária escrita, que nem no tempo
de Salazar!".
A
"carta aberta" termina com uma enigmática frase - "Agora, toca a
planear o futuro" - sem que antes
Jardim volte a criticar: "A Política não é o exercício da Moral, mas tem
de ser o exercício da Ética. Por isso compreenderá o meu estado de espírito
ante enormidades que andam a ser anunciadas aqui e ali, só justificáveis numa
estratégia de autodestruição do PSD".
Ricardo
Nacimento era professor numa escola secundária no Campanário (município da
Ribeira Brava), tendo-se candidatado pela primeira vez a uma autarquia em 2013.
Apesar do cenário eleitoral adverso para os social-democratas - perderam 7 das
11 Câmara Municipais que detinha na Madeira- o PSD acabou por manter a maioria
absoluta na Ribeira Brava.
Refira-se
que nesse mesmo ano, 2013, um outro professor e colega de Nascimento na escola
do Campanário, Paulo Cafofo, abandonou a docência para liderar o projeto
eleitoral da “Mudança” no Funchal que acabaria por sair vitorioso ao derrotar a
candidatura social-democrata. (LFM, Económico Madeira)
Sem comentários:
Enviar um comentário