sábado, setembro 16, 2017

Ex-militares venezuelanos denunciaram alegados abusos de poder, perseguições e torturas

Três ex-militares venezuelanos denunciaram ter sido vítimas de perseguições, torturas, e abusos de poder, perseguições e torturas, de parte do Governo da Venezuela e das forças de segurança daquele país. As denúncias tiveram lugar em Washington, durante a segunda sessão da Organização de Estados Americanos (OEA), em que aquele organismo analisa se a situação venezuelana merece ser elevada ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Na sessão, transmitida ao vivo através da página web da OEA, participaram três ex-militares venezuelanos, o general Hebert García Plaza, o tenente coronel José Arocha e o capitão Igor Nieto.

Segundo os relatos dos militares, as violações dos direitos humanos dos venezuelanos agudizaram-se em 2017, quando a população começou a protestar contra o Governo. O capitão Igor Eduardo Nieto explicou que ele próprio comprovou "círculos viciosos que existem nos tribunais" venezuelanos, onde prestou sete anos de serviço e que em 2014 foi obrigado a abandonar o país depois de um tiro ter atingido a sua casa, quando se encontrava reunido com familiares. Segundo o ex-militar venezuelano, "pedia-se para encarcerar os chefes de manifestações" opositoras, lhes impunham medidas judiciais "para que não continuassem a protestar" e se submetem civis a tribunais militares.
Também disse que os detidos eram torturados em diferentes maneiras, no "Comando 1" da Guarda Nacional (polícia militar). Eram obrigados a levantar as pernas e golpeados na planta dos pés, para não deixar marcas no corpo quando fossem julgados.
"Eram também obrigados a dormir de pé, todos juntos, numa carrinha. Os juízes de execução viam os maus-tratos e ignoravam", explicou.
Exilado nos EUA, o tenente coronel José Arocha denunciou que foi investigado e levado a tribunais militares, a 2 de maio de 2014, "por uns pagamentos em que em nada tinha a ver" e que conseguiu escapar de uma prisão venezuelana.
"O objetivo era diminuir a minha capacidade de liderança, para que, em qualquer momento, pudessem prender-me. 'Semearam' (colocaram propositadamente) quantidades de dinheiro que não existiam, no meu escritório, e fui levado a uma entrevista, com uma pistola apontada à cabeça".
Também disse que foi preso, que passou vários dias em condições "infra-humanas" e depois transferido para uma cadeia de máxima segurança, "La Tumba" (O Túmulo), feita debaixo de terra, na sede dos serviços secretos em Plaza Venezuela, Caracas.
"Quando cheguei disseram que entrou um morto no túmulo. É um lugar totalmente frio", explicou.
José Arocha denunciou a obsessão de vários funcionários da Guarda Nacional com o ex-autarca de Caracas, António Ledezma, com o ex-diretor externo da petrolífera estatal Pedro Mário Burelli e com a ex-deputada opositora Maria Corina Machado (Lusa)

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