terça-feira, janeiro 30, 2018

Bloco de Esquerda: Roberto Almada atira toalha ao chão de propósito?

Garantiram-me, para espanto meu, que Roberto Almada poderá ter-se "desinteressado" da disputa da liderança do Bloco de Esquerda na Madeira, optando por uma outra estratégia diferente, quer pessoal quer partidariamente, e que tem 2019 como referência. Não sei se é ou não verdade, mas a confirmar-se este procedimento isso só de explica pela certeza de que será derrotado se concorrer.
Lembro contudo que Roberto Almada já manifestou interesse em se recandidatar, o que não significa que tenha tomado essa decisão em definitivo.

O argumento que me foi dado foi o de que, a exemplo do que aconteceu com o PS regional - e Rodrigo Trancoso foi o primeiro a afrontar Paulino Ascensão - a atual liderança do Bloco de Esquerda na Madeira considera que há uma clara cumplicidade do deputado à Assembleia da República (uma aposta de Almada nas legislativas nacionais de 2015) à direção nacional do partido e que provavelmente, depois dos resultados (maus) nas autárquicas, a actual liderança regional poderia ser facilmente derrotada em congresso, porque no BE não há diretas como noutros partidos.
Lembro que a eleger o futuro líder do Bloco será eleito na convenção já convocada para 4 de Março.
A estratégia de Roberto Almada seria a de deixar o "rio correr", deixar que Paulino Ascensão - que reclama mais dinamismo ao Bloco e outra capacidade de intervenção - assumisse a liderança do partido, esperar pelos resultados das regionais de 2019 que podem revelar-se catastróficos, preparando-se Almada para e reassumir a liderança do partido depois das regionais.
Sucede que no caso da eleição do deputado nacional a líder do Bloco de Esquerda, vai colocar-se a este partido o mesmo problema que se colocou ao PS madeirense e a Carlos Pereira - a liderança do partido à distância - agravada com o facto de Paulino não ser sequer deputado regional. Desconfio que dificilmente o parlamentar, caso seja eleito líder do Bloco, prescindirá do seu lugar de deputado em Lisboa porque no fundo é por via dele que ganha algum espaço mediático nos meios de comunicação social.
No caso de Paulino Ascensão - que foi eleito para a Assembleia da República por um mero acaso e graças à conjugação de vários fatores que hoje dificilmente se colocarão - o desafio é grande. Começa em 2019 logo com as europeias em Maio (estamos a cerca de um ano) que se correrem mal para o partido podem colocar em perigo os resultados nas regionais e nas legislativas nacionais em Outubro, o que a acontecer será razão suficiente para a imediata demissão de Paulino que num cenário desses seria obrigado a demitir-se e provavelmente a sua carreira politica acabará de forma abrupta.
Lembro que um dos argumentos de Paulino quando pela primeira vez admitiu a liderança teve a ver com os maus resultados - e foram maus - do Bloco de Esquerda nas autárquicas, como se o BE, tirando o Funchal, fosse um partido com uma significativa representação eleitoral. Nunca teve nem será com Paulino que terá.
Mas, bem vistas as coisas os resultados do Bloco a nível nacional foram um desastre já que não ganharam nenhuma Câmara Municipal como queriam. Salvou-se o patético mediatismo em torno da Câmara de Lisboa pelo simples facto de que o PS de Medina para ter a maioria absoluta dos mandatos teve que negociar com o Bloco um acordo, a exemplo do que acontece na Assembleia da República como governo de Costa.
Ressalvando essa componente da política-negócio do Bloco de Esquerda nacional lá, tal como na Madeira, os resultados dos bloquistas foram desastrosos. Ou seja, na Madeira, e no caso destas movimentações bloquistas, estamos a falar de poder e de sobrevivência pessoal e política depois de 2019 (LFM)

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