terça-feira, janeiro 23, 2018

Notas ao acaso...

Há pessoas que pensam que a política, nos dias que correm, é uma espécie de mais do mesmo, em que se discute apenas se um copo está meio vazio ou meio cheio. A política hoje exige pragmatismo, determinação combate ideológico, a marcação clara de diferenças, a delimitação inequívoca de campos de atuação que estabeleçam aos olhos das pessoas a diferença que naturalmente tem que existir entre partidos. Os partidos não se podem confundir uns com os outros, num ambiente de deprimente ingenuidade onde todos parecem caber no mesmo panelão, numa palhaçada que pode servir a alguns mas não interessa nem aos eleitores em geral nem aos políticos em  particular.
Na política os acontecimentos não têm que ser valorizados excessivamente como não podem ser desvalorizados de forma irresponsável, desonesta ou ingénua. Há factos que viram alertas, avisos, apelos a uma mudança profunda de procedimentos, de atitudes, de postura, de mentalidade, de discurso. Na política o hoje é que vale, não o ontem. O passado é uma referência, boa ou má, apenas isso, uma referência. Que não determina coisa nenhuma. Essa treta de que alguns acreditam que podem continuar sentados de sofá à espera de benesses celestes ou que as coisas acontecem por simples toque de magia, sem empenhamento, sem esforço, sem a agressividade que a política tolera e precisa, cometem um erro que será catastroficamente fatal.

Se optam pelo autismo ou pela indiferença, se não sabem ler os sinais e interpretar os factos, se acreditam que na história foi o capuchinho vermelho quem comeu o lobo mau e não o contrário, então só me resta desejar que continuem sentados, vivendo na ilusão de que determinadas conversas da treta são suficientes para uma certa casta de iluminados promovidos a um patamar de visibilidade social que dificilmente alcançariam tão rapidamente como o fizeram, sem que disso se tenham apercebido.
Não, não vamos discutir os motivos, próximos ou mais distantes que contribuíram para esse desfecho.
O poder custa. Porventura custa mais mantê-lo do que conquistá-lo. Se a solução for o populismo mais ou menos radicalizado, é por esse caminho que teremos que seguir, porque as pessoas assim exigem. Se, pelo contrário, a solução for por uma mobilização total de forças e vontades e por um discurso pragmaticamente realista e adaptado a tempos novos, então é essa a alternativa.
Pretender vender a ilusão de que não muda nada, quando é mais do que óbvio que há muita coisa a mudar, perigosamente, num ambiente de acelerada sucessão de acontecimentos que se sucedem rapidamente, é mesquinho, incompetente, patético e idiota. 

Ninguém ganhou ou perdeu nada. Obviamente que não. Não se trata de introduzir qualquer perspectiva pessimista ou de recusar uma visão otimista que depois esbarra no fracasso, como recentemente aconteceu para espanto e desespero de muitos, obrigados a engolirem as "análises" e as projeções que apenas alimentaram a ilusão, porque ignoraram deliberadamente a realidade e esconderam sob a opa de uma incompetência que em política tem custos elevados(LFM)

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