Há
pessoas que pensam que a política, nos dias que correm, é uma espécie de mais
do mesmo, em que se discute apenas se um copo está meio vazio ou meio cheio. A
política hoje exige pragmatismo, determinação combate ideológico, a marcação
clara de diferenças, a delimitação inequívoca de campos de atuação que
estabeleçam aos olhos das pessoas a diferença que naturalmente tem que existir
entre partidos. Os partidos não se podem confundir uns com os outros, num
ambiente de deprimente ingenuidade onde todos parecem caber no mesmo panelão,
numa palhaçada que pode servir a alguns mas não interessa nem aos eleitores em
geral nem aos políticos em particular.
Na
política os acontecimentos não têm que ser valorizados excessivamente como não
podem ser desvalorizados de forma irresponsável, desonesta ou ingénua. Há
factos que viram alertas, avisos, apelos a uma mudança profunda de
procedimentos, de atitudes, de postura, de mentalidade, de discurso. Na
política o hoje é que vale, não o ontem. O passado é uma referência, boa ou má,
apenas isso, uma referência. Que não determina coisa nenhuma. Essa treta de que
alguns acreditam que podem continuar sentados de sofá à espera de benesses
celestes ou que as coisas acontecem por simples toque de magia, sem
empenhamento, sem esforço, sem a agressividade que a política tolera e precisa,
cometem um erro que será catastroficamente fatal.
Se
optam pelo autismo ou pela indiferença, se não sabem ler os sinais e
interpretar os factos, se acreditam que na história foi o capuchinho vermelho
quem comeu o lobo mau e não o contrário, então só me resta desejar que
continuem sentados, vivendo na ilusão de que determinadas conversas da treta
são suficientes para uma certa casta de iluminados promovidos a um patamar de
visibilidade social que dificilmente alcançariam tão rapidamente como o
fizeram, sem que disso se tenham apercebido.
Não,
não vamos discutir os motivos, próximos ou mais distantes que contribuíram para
esse desfecho.
O
poder custa. Porventura custa mais mantê-lo do que conquistá-lo. Se a solução
for o populismo mais ou menos radicalizado, é por esse caminho que teremos que
seguir, porque as pessoas assim exigem. Se, pelo contrário, a solução for por
uma mobilização total de forças e vontades e por um discurso pragmaticamente
realista e adaptado a tempos novos, então é essa a alternativa.
Pretender
vender a ilusão de que não muda nada, quando é mais do que óbvio que há muita
coisa a mudar, perigosamente, num ambiente de acelerada sucessão de
acontecimentos que se sucedem rapidamente, é mesquinho, incompetente, patético
e idiota.
Ninguém
ganhou ou perdeu nada. Obviamente que não. Não se trata de introduzir qualquer
perspectiva pessimista ou de recusar uma visão otimista que depois esbarra no
fracasso, como recentemente aconteceu para espanto e desespero de muitos,
obrigados a engolirem as "análises" e as projeções que apenas
alimentaram a ilusão, porque ignoraram deliberadamente a realidade e esconderam
sob a opa de uma incompetência que em política tem custos elevados(LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário