A vitória de Emanuel Câmara nas recentes diretas do
PS-Madeira, coloca problemas e desafios novos ao PSD madeirense, os quais não
podem ser minimizados ou ignorados, sob pena da irresponsabilidade imperar no
partido com responsabilidades governativas regionais.
Olhar para a política regional de forma leviana,
como se nada de passasse, terá custos, seja para quem for. Alguma coisa mudou,
e vai mudar.
De facto - e é fácil entender isso - uma coisa seria
uma estratégia eleitoral do PSD-Madeira para as regionais de 2019, tendo Carlos
Pereira - que nunca ganhou qualquer eleição depois de eleito em 2015 para a
liderança dos socialistas e que, inclusivamente, já antes disso, perdera no
Funchal, num confronto com Miguel Albuquerque - como adversário direto, outra
coisa é enfrentar um socialista sem filiação partidária, Paulo Cafofo, vencedor
de duas eleições no Funchal (2013 e 2017), a última das quais, de forma clara e
com maioria absoluta.
Tentar não entender essa diferença, desvalorizá-la
ou acreditar que tudo continua na mesma será eleitoralmente perigoso. Lembro
que o PSD madeirense obteve em 2015 – regionais e legislativas nacionais – os
seus piores resultados eleitorais de sempre, dispondo hoje no parlamento
regional uma maioria absoluta, apenas por um deputado.
Obviamente que a eleição de Emanuel Câmara para a
liderança do PS da Madeira não significa mais nada do que isso mesmo, a
resolução de um problema interno nos socialistas. Tal como o PS regional não
ganhou coisa nenhuma também nem o PSD nem a restante oposição perderam fosse o
que fosse. Estamos a dois anos de um ato eleitoral que começa a condicionar de
forma mais do que evidente a agenda política de todos os partidos e
protagonistas políticos.
Neste momento tão pouco sabemos se a alegada
candidatura de Paulo Cafofo, em 2019, à liderança do executivo insular se
confirmará – até lá muita água vai “correr debaixo das pontes” além de que
existem fatores pendentes (alguns de natureza judicial) que nem Emanuel Câmara
nem Paulo Cafofo controlam.
Não duvido que para o PS madeirense – que sozinho
não ganha qualquer eleição, pelo menos nos anos mais próximos, bastando para
tal ler atentamente o histórico eleitoral da Madeira - será mais útil, numa
lógica eleitoral, que Paulo Cafofo continue como socialista não filiado.
Uma pretensa coligação regional, em 2019, liderada
por um militante e dirigente socialista dificilmente terá sucesso, apesar de
não acreditar que os partidos mais pequenos, e que foram parceiros de Cafofo na
coligação para a edilidade do Funchal, se mostrem disponíveis para deixar de
lutar pela sua sobrevivência e pelo seu espaço próprio na política regional (e
nas regionais de 2019), em troca da possibilidade de serem ”engolidos” por uma
lista partidária socialista, aliás como acontece na Câmara do Funchal eleita em
2017.
Não creio que tanto a JPP (5 deputados regionais)
como o Bloco de Esquerda (2 deputados) aceitem submeter-se a um papel
secundário numa lista liderada pelo PS, apesar dos receios que não tenham em
2019 o sucesso eleitoral que tiveram em 2015.
Neste momento - enquanto o PS madeirense procura dar
no congresso uma imagem de unidade interna que dificilmente será
consubstanciada, pelas marcas deixadas numa campanha interna que foi bastante
agressiva, com graves insinuações e ataques de natureza pessoal - a eleição de
Emanuel Câmara, presidente da Câmara Municipal de o mais pequeno concelho da
Madeira (Porto Moniz), para a liderança do PS regional é apenas uma novidade na
política madeirense. Nada mais. Uma novidade que os demais partidos precisam
seguir atentamente sem temores ou sobranceria (LFM, Económico-Madeira)
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