terça-feira, fevereiro 06, 2018

Organização de direitos humanos pede a Maduro para "proteger a Venezuela da fome"

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos pediu hoje a Nicolás Maduro que "reforce os esforços para proteger a Venezuela da fome", revelando que mais de quatro milhões de venezuelanos fazem apenas uma refeição por dia. Em comunicado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) diz: "O Estado venezuelano deve reforçar os seus esforços para garantir níveis essenciais para proteger a sua população da fome, inclusive perante situações de limitações graves de recursos".
O documento começa por explicar que a Venezuela passa por "uma crise económica e social marcada por um contexto de escassez e de falta de abastecimento de alimentos e de medicamentos que está a aumentar de maneira alarmante"."Esta situação afeta em particular as pessoas, grupos e coletivos em maior situação de vulnerabilidade e de pobreza, resultando especialmente grave para crianças, mulheres, população indígena, afrodescendentes, migrantes, detidos e anciãos", afirma. Segundo a CIDH, falta informação oficial atualizada mas há dados de que entre 2014 e 2016 1,3 milhões de pessoas estavam "subalimentadas" na Venezuela, 3,9% mais que no triénio anterior:

"Preocupam as reiteradas denúncias recebidas sobre o risco que teriam milhares de crianças de perder a vida por desnutrição, durante este ano (2018). Em 2017, teriam falecido semanalmente entre cinco e seis crianças por falta de alimentação e pelo menos 33% da população infantil apresentaria indicadores de atraso no crescimento"
Por outro lado: "em média 4,5 milhões de pessoas" fazem apenas "uma refeição por dia e em ocasiões cada dois dias, resultando que 11,4% da população infantil já se encontraria em situação de desnutrição"
Segundo a CIDH há denúncias constantes de "falta de acesso a medicamentos e a tratamentos médicos" inclusive para doenças básicas como a diabetes, diarreia, hipertensão e infeções respiratórias, nalguns casos em mais de 80%. Também que 85% das farmácias de Caracas não têm medicamentos para "infeções oportunistas" que atacam as pessoas com Sida e que entre 95% e 100% dos hospitais não têm "antirretrovirais", o que ocasionou a morte de 5 pessoas que estiveram seis meses contínuos sem tratamento.
Segundo a CIDH os bancos de sangue estão deteriorados e há falhas de reativos e materiais para descartar doenças em doações de sangue, intervenções cirúrgicas e tratamentos com transfusões em pacientes renais, hematológicos e oncológicos, entre outros, sendo preocupante o aumento de doenças como a malária, a zika e a difteria, desde 2015:

"Os aumentos de preços gerais, dos alimentos e medicamentos, somados aos altos índices de inflação repercutem diretamente na segurança alimentar e na saúde da população, em particular a que se encontra em situação de pobreza e que se vê obrigada a destinar a maior parte dos ingressos à compra de alimentos e medicamentos". O comunicado sublinha que a gravidade da situação "não admite demoras". A CIDH denuncia ainda que as bolsas de alimentos subsidiados distribuídos pelo Estado: "não são entregues a pessoas opositoras do Governo" e que faltam critérios claros de atribuição, periodicidade e produtos a entregar, assim como das necessidades nutricionais da população, estando condicionado o acesso a portadores de um documento de militante do partido do Governo. Para a CIDH é preocupante "a negativa do Estado venezuelano em receber cooperação internacional para paliar a crise económica e social, assim como a ausência de dados públicos oficiais" (Lusa)

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