A Comissão Interamericana de Direitos Humanos pediu
hoje a Nicolás Maduro que "reforce os esforços para proteger a Venezuela
da fome", revelando que mais de quatro milhões de venezuelanos fazem
apenas uma refeição por dia. Em comunicado, a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH) diz: "O Estado venezuelano deve reforçar os seus esforços
para garantir níveis essenciais para proteger a sua população da fome,
inclusive perante situações de limitações graves de recursos".
O documento começa por explicar que a Venezuela passa
por "uma crise económica e social marcada por um contexto de escassez e de
falta de abastecimento de alimentos e de medicamentos que está a aumentar de
maneira alarmante"."Esta situação afeta em particular as pessoas,
grupos e coletivos em maior situação de vulnerabilidade e de pobreza, resultando
especialmente grave para crianças, mulheres, população indígena,
afrodescendentes, migrantes, detidos e anciãos", afirma. Segundo a CIDH, falta informação oficial atualizada
mas há dados de que entre 2014 e 2016 1,3 milhões de pessoas estavam
"subalimentadas" na Venezuela, 3,9% mais que no triénio anterior:
"Preocupam as reiteradas denúncias recebidas
sobre o risco que teriam milhares de crianças de perder a vida por desnutrição,
durante este ano (2018). Em 2017, teriam falecido semanalmente entre cinco e
seis crianças por falta de alimentação e pelo menos 33% da população infantil
apresentaria indicadores de atraso no crescimento"
Por outro lado: "em média 4,5 milhões de
pessoas" fazem apenas "uma refeição por dia e em ocasiões cada dois
dias, resultando que 11,4% da população infantil já se encontraria em situação
de desnutrição"
Segundo a CIDH há denúncias constantes de "falta
de acesso a medicamentos e a tratamentos médicos" inclusive para doenças
básicas como a diabetes, diarreia, hipertensão e infeções respiratórias,
nalguns casos em mais de 80%. Também que 85% das farmácias de Caracas não têm
medicamentos para "infeções oportunistas" que atacam as pessoas com
Sida e que entre 95% e 100% dos hospitais não têm "antirretrovirais",
o que ocasionou a morte de 5 pessoas que estiveram seis meses contínuos sem
tratamento.
Segundo a CIDH os bancos de sangue estão deteriorados
e há falhas de reativos e materiais para descartar doenças em doações de
sangue, intervenções cirúrgicas e tratamentos com transfusões em pacientes renais,
hematológicos e oncológicos, entre outros, sendo preocupante o aumento de
doenças como a malária, a zika e a difteria, desde 2015:
"Os aumentos de preços gerais, dos alimentos e
medicamentos, somados aos altos índices de inflação repercutem diretamente na
segurança alimentar e na saúde da população, em particular a que se encontra em
situação de pobreza e que se vê obrigada a destinar a maior parte dos ingressos
à compra de alimentos e medicamentos". O comunicado sublinha que a
gravidade da situação "não admite demoras". A CIDH denuncia ainda que
as bolsas de alimentos subsidiados distribuídos pelo Estado: "não são
entregues a pessoas opositoras do Governo" e que faltam critérios claros
de atribuição, periodicidade e produtos a entregar, assim como das necessidades
nutricionais da população, estando condicionado o acesso a portadores de um
documento de militante do partido do Governo. Para a CIDH é preocupante "a
negativa do Estado venezuelano em receber cooperação internacional para paliar
a crise económica e social, assim como a ausência de dados públicos
oficiais" (Lusa)
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