domingo, maio 20, 2018

Sporting: o descalabro e a incompetência da pretensa estratégia de comunicação

Eu não sei o que se passou mas claramente o director de comunicação do Sporting, o jornalista Nuno Saraiva, desapareceu do mapa em plena crise leonina. Habituado a veicular bocas incendiárias durante toda a época, e a aproveitar-se do espaço privilegiado e sem contraditório que é a Sporting TV (aliás as chamadas televisões dos clubes são os mais escandalosos espaços de manipulação informativa e de falta de liberdade e de rigor deontológico e ético, na prática não passando de caprichos dos presidentes exibicionistas) numa guerra surda com os directores de comunicação do Porto e Sporting, Saraiva acabou por demonstrar com esta crise no Sporting que eles não conseguem controlar os presidentes dos clubes quando estes precisam, de exibicionismo mediático ou são atacados por fúrias incontroláveis de ajustes de contas contra tudo e contra todos, incluindo moinhos de vento. O que se passou com o Sporting em meu entender foi o desmoronar de toda a estratégia de comunicação (ela existiu alguma vez?) e estranhamente a revelação de uma inesperada incompetência perante uma situação extrema de crise.
É sabido que um dos itens que demoradamente merecem atenção, quando estudamos comunicação e estratégia de comunicação institucional, tem a ver com a chamada "gestão de crises". Exactamente o que se passou com o Sporting, que é claramente um exemplo - porventura o exemplo mais evidente em Portugal nos últimos anos - a par da deficiente e desastrada estratégia de comunicação do governo do Passos e do Portas nos tempos da troika - é a demonstração cabal de que mais do que um jornalista-analista para escrever discursos ou redigir comunicados, os clubes precisam, tal como as empresas e as instituições públicas ou empresas privadas, de pessoas que saibam pensar os factos, porventura antecipar os acontecimentos, mas sejam capazes sobretudo de reflectir e propor aos seus responsáveis estratégias de resposta, de contra-ataque se quiserdes, passíveis de diluir os efeitos previsíveis que negativamente se abastem sobre as instituições.
Cada dia que passava no caso do Sporting era um tiro-no-pé e a asneirada, umas atrás das outras, só alimentou a especulação, a insinuação ou a suspeição que ainda hoje está instalada na sociedade portuguesa que acompanha mais de perto o futebol e sobretudo junto dos associados do Sporting cada vez mais à procura de uma resposta a tudo o que se passou, bem como ao escândalo de alegada corrupção envolvendo o clube - admito que o facto de ter surgido tudo ao mesmo tempo, isso pode ter contribuído para o desnorte - que todos temem poder ter efeitos ainda piores do que o escândalo de Alcochete numa instituição centenário que claramente está a atravessar um dos piores momentos da sua história (LFM)

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