Terminou o RVM com uma grande e incontestável vitória de Alexandre Camacho naquelea que provavelmente terá sido a prova mais domestica dos últimos anos, com apenas 2 estrangeiros na lista de inscritos.
Vou deixar de ser
politicamente correcto na abordagem do assunto que reconheço interessa a muita
gente, marcas, publicidade, etc. Acho que o Rally Vinho da Madeira este ano
chegou a uma encruzilhada decisiva na qual vão ter que ser feitas opções e
tomadas decisões. Desconheço o que se passa nos bastidores dos rallies, melhor
dizendo, nos corredores do poder da federação portuguesa ou da FIA, chamando o
"boi pelos nomes", nos subterrâneos dos processos de decisão nesta
modalidade. Mas de uma coisa tenho cada vez mais a certeza: ou o nosso rally, a
nossa prova mais emblemática, dá um passo qualitativo para derrubar barreiras e
reocupar o lugar que já teve ou vai cair na banalidade aos poucos, deixando de
atrair marcas e pilotos e de ter qualquer impacto, inclusivamente em termos
promocionais da Madeira.
Este ano o RVM
teve 2 estrangeiros inscritos, um deles, Basso, provavelmente convidado pela
organização. E que nem sequer a primeira classificativa terminou. A partir dai, assistimos a uma guerra entre locais e nacionais que se foi desvanecendo porque
salvo os azares da modalidade os principais pilotos madeirenses mostraram mais
uma vez que, aqui na Madeira, deixam a léguas os pilotos continentais que
chegam aqui dizendo que apostam apenas no campeonato nacional ou outros troféus de marcas ou categorias, tudo por causa dos interesses dos patrocinadores.
Não podemos
continuar a pensar que temos um RVM dos tempos áureos, do Europeu,do que quiserem. Não, não temos, o RVM está hoje numa espécie de segunda ou terceira
categoria dos rallyes europeus e precisa sair rapidamente dessa posição. Há que
discutir o que é preciso fazer, como é preciso fazer, e se a RAM está realmente
interessada em ter provas desportivas de grande envergadura que sejam passíveis
de promover a Madeira e coloca-lá nos espaços mediáticos mais adequados e mais
vistos.
Muito sinceramente
estou-me nas tintas para os cavalinhos dos carros, para as versões ou evoluções
dos modelos, para as comparações entre pilotos porque isso é sempre muito
relativo, para o estado das estradas ou do tempo, para pneus, avarias,
desistências, etc. Durante anos, muitos anos, estive na organização. Estava lá
quando o RVM subiu ao então coeficiente 4 (na altura o máximo) do Europeu e
recebia aqui grandes pilotos, uns vindos por sua iniciativa, outros convidados pela
organização mas cujos nomes ajudavam a promover a nossa prova fazendo-a subir
as difíceis escadas de uma avaliação que
muitas vezes esconde outros interesses em jogo por parte de organismos nacionais
e internacionais que vivem de apoios financeiros e de cumplicidades com patrocinadores,
marcas, pneus, de acessórios, etc. Temo por isso que o RVM se transforme por
este andar apenas em mais uma prova do campeonato nacional e o interesse disso,
que me perdoem a organização, é diminuto e irrelevante. Porque ter o RVM apenas
como uma prova local, de âmbito regional, mais demorada e mais extensa e difícil
que os demais rallyes locais, com dezenas de pilotos dispersos por vários troféus de pequena dimensão e sem um grande impacto desportivo e sem a competitividade que
lhe garante a projecção mediática que precisa, é realmente frustrante.
Esta é a minha opinião
mas respeito quem acha que as cosias assim estão bem. Não é por causa do RVM
que deixo de dormir. Além disso, tenho a consciência que o impacto social real
do RVM acaba no dia seguinte. Sempre foi assim, nunca deixará de continuar
assim.
Um exemplo porque
confirmei: vários canais televisivos nacionais, no primeiro dia do RVM (ontem) não
disseram nada sobre a prova. Falaram de incêndios, de ciclismo e do futebol. Mas quando o azarado do João Silva bateu de frente, aí sim, houve
logo uma janela para uma noticiazinha sobre o RVM, obviamente não pelos
melhores motivos.
Muito sinceramente
- e espero que RTP-M tome essa iniciativa porque precisamos de tempo para fazer
essas opções - acho que está muita coisa em cima da mesa, que é preciso debater
muita coisa ou conhecer por exemplo, os meandros dos bastidores do campeonato
europeu de rallyes, das dificuldades existentes, dos jogos de interesses que ali
existem ou se cruzam, da manipulação de decisões devido ao “lobbing”, dos jogos
de patrocinadores, etc, etc, de tudo o que possa contaminar o processo de
decisão e impedir que a RAM, sem dinheiro, tenha possibilidades de aspirar a
voo mais altos nesta modalidade que está longe de ser uma modalidade barata.
Se a solução for o acomodamento e não apostar no regresso ao calendário maior do Europeu de Rallys,
então nesse caso retiro tudo o que disse por reconhecidamente ser perda de tempo e
vivo indiferente ao facto do RVM se transformar numa espécie de quintinha
organizativa que se limita a cumprir a mesma rotina numa determinada data do ano (LFM)
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