domingo, agosto 19, 2018

Porto Santo: desafios decisivos

Nestes escassos dias de passagem pelo Porto Santo tenho ouvido, quase lado a lado, queixas por causa do serviço propiciado pela Binter, que pode ser resolvido desde que haja seriedade neste processo, e por causa da crise que alegadamente estará a matar aos poucos os restaurantes da Ilha Dourada.
Já que, quanto ao pequeno comércio, a crise e a realidade local apenas tem poupado, ao longo os últimos anos os investidores que arriscaram e apostaram na qualidade e que procuraram manter uma modernidade, quer de conteúdos, quer de apresentação dos espaços por forma a melhor atrair visitantes e potencializar clientes.
Quanto aos restaurantes já falei do que penso e insisto que independentemente de novos modelos de gestão integrada dos hotéis - e ninguém os pode impedir disso - há também da parte da concorrência externa ao espaço dos hotéis da ilha uma escassa, diminuta, diria quase nula, capacidade de resposta, capaz de oferecer alternativas que motivem clientes, pela diferença e pela qualidade e preço. Ou seja, os restaurantes - desconheço se as queixas são gerais ou apenas localizadas a alguns deles - não podem meter a cabeça na areia e julgar que com isso fogem a responsabilidades que facilmente lhes são imputáveis. A ganancia, sempre foi, continua a ser uma opção péssima de investidores que acham que os turistas são poços sem fundo de dinheiro nos bolsos, quando no caso concreto do Porto Santo a realidade é bem diferente, quer porque a esmagadora maioria dos turistas nacionais e estrangeiros que a visitam compraram programas previamente comercializados na origem por operadores, quer porque os residentes na Madeira que continuam a ser, sobretudo em Agosto, a garantia de injecção, e bem, de muitos milhões de euros na economia da Ilha Dourada, estão longa da abastança com que alguns sonham ou sonharam.
Muito sinceramente - e sou um outsider a tudo isto, nem tenho interesses nenhuns no Porto Santo a defender, nem sou porta-voz seja de quem for - eu acho que a Ilha Dourada precisa de um interlocutor único, forte, teimoso, determinado, representativo e que seja capaz de ser ouvido e de fazer que a sua voz seja ouvida. Uma associação empresarial local, de comércio e serviços, deixando a indústria de lado - ninguém acredita que, neste quadro económico portosantense, a indústria turística nas diferentes vertentes seja aliada dos interesses e expectativas do pequeno comércio local - poderia der uma boa solução, presumo eu, desde que empenhada em objectivos concretos, traçando rumos, estabelecendo prioridades, negociando com todas as partes interessadas, recusando o queixume e o envio de recados pelas redes sociais ou pelos meios de comunicação - que ao contrário do que alguns pensam, não servem nem para esconder o sol com a peneira, ou seja, valem zero - que esbarram na realidade.
Outra coisa importante seria a elaboração de um programa de eventos para os meses de Verão, atractivo, agressivo, mobilizador, passíveis de gerar interesse e procura e que garantiria que a ilha teria que se mobilizar toda para lhe dar resposta. Não falo de iniciativas isoladas dispersas ao longo dos meses, sem interesse, longe de mobilizarem as pessoas - acho que o entretenimento e o desporto poderiam ser boas opções - como se a preocupação fosse apenas a de cumprir uma rotina (LFM)

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