Ricardo Prieto Parra e Carlos Varón García, dois
membros do Corpo de Bombeiros do Estado de Mérida, na região andina da
Venezuela, foram presos e podem pegar pena de até 20 anos de prisão. O motivo:
ter gravado um vídeo em que chamam o presidente Nicolás Maduro de “burro”.
Durante a gravação, eles tratam o animal, que está dentro de uma casa no campo,
como presidente. O vídeo que satiriza a imagem do presidente da Venezuela se
tornou viral e tem sido alvo de numerosos comentários. No vídeo, os bombeiros,
funcionários do Estado de Mérida, simulam ser locutores de emissoras de TV e
dão as boas-vindas ao jumento, que, de acordo com paródia, foi inspecionar o
posto da corporação de Apartaderos. "O presidente está verificando se a
grama é boa", diz uma das vozes quando o animal se detém para mastigar a
erva. Os dois bombeiros foram presos por agentes da Direção de
Contra-Inteligência Militar, um dos braços do Governo do Nicolás Maduro no
controle da ordem interna. Prieto Parra e Varón García foram acusados de
"instigação ao ódio", um delito inscrito na chamada Lei
Constitucional contra o Ódio, promulgada no ano passado pela questionada e não
reconhecida Assembleia Constituinte, que surgiu após a crise política de 2017.
Este instrumento prevê penalidades severas para quem agredir verbalmente,
intimidar, ofender ou insultar funcionários públicos.
Nesta terça-feira, em uma coletiva de imprensa para os
jornalistas estrangeiros no Palácio Miraflores, onde estavam para discutir
acordos de comércio com a China e as tensões diplomáticas com a Colômbia e os
Estados Unidos, um repórter perguntou ao presidente sua opinião sobre o destino
desses funcionários punidos. A pergunta irritou Maduro, que respondeu que o
assunto não tinha o nível apropriado para um encontro com a imprensa
internacional e a pergunta não iria ser respondida. O humor sobre política, que
tem uma longa tradição na Venezuela, também é altamente polarizado e tem sido
alvo de várias ameaças das autoridades. ONGs como o Fórum Penal Venezuelano e o
Observatório de Direitos Humanos da Universidade dos Andes questionam duramente
a medida do Governo. O observatório universitário comentou que "a
proporcionalidade é essencial à Justiça". O governador do Estado de
Mérida, Ramón Guerra, que integra a Ação Democrática, partido da oposição,
também criticou a medida judicial e pediu respeito pelos direitos constitucionais
desses funcionários (El Pais)
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