terça-feira, outubro 30, 2018

Brasil: os erros do PT (e de Lula e Dilma) e as razões de Balsonaro

O recém eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, é um produto do PT de Lula e de Dilma, da corrupção vergonhosa que legaram ao país, da manipulação do poder, do agravamento da crise social e económica, do recuo na alfabetização e no acesso à educação (apesar dos bons passos dados no início do mandato de Lula), do aumento do desemprego e do agravamento da criminalidade que atinge números alucinantes.
Não nos esqueçamos que o Brasil registou mais de 26 mil assassinatos no 1º semestre de 2018 mas este número não é real dado que Maranhão, Paraná e Tocantins não divulgam as suas estatísticas completas. Em 2017 foram registadas no Brasil quase 60 mil pessoas assassinadas
Bolsonaro é fruto da conjugação de tudo isso, da insegurança que se apoderou da sociedade brasileira, sejam os ricos ou os pobres, e com números cada vez maiores.
Bolsonaro pode ser um potencial vazio de propostas, de programas, de ideias políticas consistentes e coerentes, pode não ter deixado nenhuma solução concretas e exequível para os grandes problemas do Brasil. De política externa então é mais que zero!
Mas bastou-lhe enfatizar o discurso de prioridade pessoal no combate ao crime e aos corruptos para que este militar, que andou durante 20 anos dos corredores do poder parlamentar em Brasília, sem que ninguém tivesse dado por ele, se tenha proposto como candidato e desde início tenha subido em todas as sondagens.
O seu adversário na segunda volta - para além de ter sido protagonista destacado do ciclo petista no poder, e de estar a braços com potenciais processos judiciais no quadro dos megas processos que envolvem Lula e a não reeleita Dilma, entre outros, cometeu um erro terrível, desde início da sua campanha.
Desde logo ele nunca foi o candidato ideal para combater Bolsonaro. A esquerda brasileira tinha outras alternativas menos queimadas, tinha outros nomes, situados acima dos partidos, mas é público que Lula e Dilma recusaram todos eles, facto que levou o PT a insistir, patética e provocadoramente na pretensa candidatura de Lula, preso por corrupção, quando era sabido que a justiça brasileira nunca cederia e que essa candidatura era uma espécie de mito usado pelo PT para manipular a opinião pública adepta dos petistas e conduzir o PT para uma situação de ilusão que acabou penalizando a sua campanha, enquanto Bolsonaro ia reunindo apoios e "tropas" à sua volta e radicalizando o discurso e a mensagem eleitoral.
Haddad foi um falhanço desde início, provavelmente por ter sido escolhido pelo próprio Lula e por nunca se ter desligado do ex-Presidente e amigo. Haddad era visita de Lula durante a pré-campanha e campanha eleitoral, e não havia discurso que não falasse no antigo Presidente, na expectativa de que isso se revelasse uma mais-valia eleitoral para o PT, partido que, enquanto tal, nunca conseguiu mais do que 20% em qualquer eleição no Brasil.
Haddad não resistiu ao facto da eleição presidencial se ter transformado numa disputa entre os pró-PT e os anti-PT, e nem sequer conseguiu conter o facto de ter sido, já durante a campanha, e segundo as sondagens, o petista com menor apoio no Nordeste brasileiro desde 2002. Ora o Nordeste sempre foi fundamental para o  PT e em qualquer eleição e em certa medida voltou a ser, quer na garantia da segunda volta ao candidato do PT, quer na obtenção dos 45% de votos na segunda volta. Haddad demorou demasiado tempo a perceber que essa colagem a Lula o penalizou de forma decisiva, incapacitando-o de recuperar a significativa diferença eleitoral para Balsonaro, apesar das bacoradas, das asneiradas e dos estragos causados ele e pelos seus absurdos filhotes.
Balsonaro sabia que com maior ou menor dificuldade estaria na segunda volta e que seria nessa que tudo se decidiria. Por isso adoptou uma estratégia eleitoral pessoal que, mais do que uma provocação aos adversários, apostou em introduzir, nalguns casos  estranhamente, novas questões ao fenómeno político das eleições nas democracias  e em pleno tempo das redes sociais. Questões essas que, estou certo vão suscitar nos próximos tempos um debate muito interessante e longe de ser consensual - aliás tal como aconteceu com Trump e a sua obsessão pelas redes sociais - com destaque para o Twitter - destinado a identificar as principais ameaças à democracia e aos métodos mais tradicionais das campanhas eleitorais e da comunicação entre candidatos e eleitores (LFM)

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