sexta-feira, novembro 02, 2018

Que Marcelo Rebelo de Sousa faça o que tem (e deve) que fazer para ser o que diz ser

O Presidente Marcelo Rebelo Sousa, com o show-off que sempre o caracteriza e com a mediatização de tudo o que faz - como se ele fosse uma espécie de poder paralelo que, bem vistas as coisas, não é, nunca será e pouco ou nada manda - está na Madeira, visita que valerá zero, repito ZERO, caso o locatário de Belém não intervenha na clarificação e na solução de dois problemas que julgo serem graves, os quais persistem e contaminam o relacionamento entre o Estado e a Região, penalizando a Madeira e os Madeirenses:
- por um lado, falo na urgente necessidade de obrigar o Estado, através do seu amigalhaço Costa e enquanto accionista maioritário (50%) da empresa, a acabar de uma vez por todas com o escândalo da TAP (e por arrastamento noutras companhias privadas oportunistas...) e no roubo que é feito todos os dias aos madeirenses e açorianos e ao erário público - porque na realidade estamos a falar de financiamento indevido, criminoso e encapotado das companhias aéreas que operam para a Madeira em vergonhoso conluio negociado nos bastidores entre todas elas, com a cumplicidade zarolha do regulador e do Estado que se limite a pagar milhões à TAP e demais companhias no quadro do subsídio de mobilidade que para essas empresas virou uma teta leiteira a que se agarraram e não mais largam. Como é que um Presidente responsável e preocupado pode olhar, calado e de forma subserviente, tudo o que se passa com a TAP que trata as ligações entre as regiões insulares e o Continente, como trata das ligações entre Lisboa e o Brasil, EUA ou os destinos europeus?
- O que espera o Presidente - caso seja um presidente preocupado e interessado como diz ser mas não mostra - para ser protagonista activo na superação de dificuldades estranhamente criadas, para intervir junto do governo do seu amigalhaço  Costa - até porque Belém é que vai promulgar o orçamento de estado - para exigir um a explicação à misteriosa contabilidade feita por Lisboa para que 50% dos custos da construção do novo Hospital da Madeira, não seja metade desse investimento, mas tenha antes duas ou tr~es interpretações diferentes, 13%, 26%, e por aqui vamos? Vai promulgar o OE-2019 depois de Costa ter prometido um financiamento de 50% dos custos de constrição do Hospital da Madeira, sem comprovar previamente se é esse o calor inscrito no documento que lhe enviarão para promulgar? Vai falar discretamente com o seu amigalhaço Costa sobre isto ou vai-se comportar como uma espécie de "rainha da Inglaterra" sentada no sofá, cegueta e dispensável por desnecessária?
Finalmente, já no quadro  institucional, mantenha uma conversa com o seu Representante da República porque me parece que há protagonismos excessivos que devem ser  clarificados por muita fome de holofotes e da ribalta mediática - os vícios pegam-se rápido...- possa existir. Percebe-se isso em  MRS porque, bem vistas as coisas, ele chegou a Belém depois de anos de presença televisiva calculista e devidamente pensada, em privilegiados espaços de opinião onde nunca teve contraditório, facto que transformou a corrida presidencial de 2016 numa farsa e num espectáculo desequilibrado por tudo o que aconteceu anteriormente a essa corrida presidencial. Falo do papel institucional do representante da República, do deu protagonismo absolutamente intolerável, dos riscos que isso implica na distorção do seu enquadramento institucional e constitucional e na deturpação da realidade e das competência reservadas  ao escolhido por MRS, entidade que esperamos seja definitivamente tratada de forma adequada  em próxima revisão constitucional. Aliás há uma outra postura nos Açores por parte de uma personalidade, diplomata de carreira, com quem tive o prazer de estar recentemente, e que assumiu uma adequada concepção relativamente ao seu papel e enquadramento na realidade constitucional naquela  Região.
Mal seria de personagens escolhidas pelo PR acabassem "usadas" em guerras político-partidárias paroquiais entre entidades públicas numa mesma região, tudo por causa de motivações políticas que convidam o Representante para certos actos públicos só para que os mesmos não sejam presididos pela entidade regional competente. Aliás é por tudo isto que a autonomia será sempre refém de politiquices e de concepções mesquinhas de autênticos "blocos de cimento" que na realidade são os principais obstáculos à afirmação da autonomia regional como uma solução supra-partidária.
Se estas questões não forem clarificadas pelo Presidente MRS ele pode continuar a visitar a Madeira a beijar quem entender, a ser protagonista de selfies e selfinhas e a branquear o seu "reinado" com  a cumplicidade conivente da comunicação social mas a história, essa sim, implacavelmente o julgará no devido momento e de forma exemplar sobre o que fez e não fez, porque tinha a obrigação de intervir e não interveio. Nomeadamente medindo a diferença entre o assumir corajoso de responsabilidades e obrigações que lhe valem e o show-off mediatizado que dá votos na recandidatura e transforma um presidente num astuto e hábil "animal político" na verdadeira acepção do termo, com todas as virtudes e os defeitos que essa adjectivação comporta. Fico à espera que MRS assuma as suas responsabilidades e seja uma "ponte" como acho que deve ser, pelo menos no que às duas primeiras questões que coloquei, e que estão a minar as relações entre o Estado e a Região. Talvez seja então, na recandidatura de 2021, já decidida mas escondida, o que não fui em 2016 por convicção pessoal: votante nas presidenciais e votante em MRS! Boa visita à Madeira e, sobretudo, que saiba ouvir e reter o que neste momento é essencial para esta terra de paz e de gente boa (LFM)

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