sexta-feira, janeiro 18, 2019

Não me venham com a "mudança do sistema político" porque as pessoas querem coisas sérias

Espero muito sinceramente que não me venham para este congresso teorizar e uma vez mais a reboque da demagogia em torno da mudança do sistema político e outras tretas do género associadas ao tema. O sistema político não se muda a pedido nem por decreto, nem muito menos por caprichos pessoais ou andando aos soluções com recurso a propostas demagógicas e populistas, de auto-flagelação e que apenas aumentam a desconfiança em relação aos partidos e um sentimento de "desnecessidade" destes no actual quadro democrático regional.
Os partidos na Madeira estão hoje fragilizados, sem meios para cumprirem as suas obrigações sociais. Há um distanciamento cada vez maior entre os partidos - e quando falo em partido falo num ou 2 partidos com dimensão organizativa mais importante - e as suas próprias bases de apoio, situação que tem desmobilizado e desmotivado muitas pessoas. Acresce que os partidos não podem querer mudar o sistema e depois permitir que, sem ofensa, novos "capatazes" nas freguesias ou nos concelhos possam emergir e secar tudo à sua volta, para concretizarem as suas ambições políticas, que sendo naturais e legítimas, devem ser medidas de forma realista, sem atropelarem e afastarem pessoas, limpando o caminho que vão usar.
Mudar o sistema político não se limita a cortar nas verbas que a ALR canalizava para os partidos, fundamentando essa decisão política em argumentos menores - só este ano o BES leva mais 800 milhões totalizando mais de 5.000 milhões de euros ali derramados, sem falar nos milhões que o  Estado perdeu com o apoio dado ao BPP e ao BPN, mas transformam 1 milhão de euros aos partidos na RAM numa coisa do outro mundo.
Tudo porque os maiores partidos deixaram-se ir a reboque das ladainhas dos partidos mais pequenos que não tem actividade militante digna de registo - salvo algumas reuniões dispersas, essencialmente no Funchal, ditadas pelo propósito de marcar presença na agenda (alguns partidos nem isso fazem)...
Mudar o sistema político regional não é só melhorar o regimento da ALR, democratizando-o comparativamente à versão anterior, permitindo que todos os partidos possam ter competências que antes não tinham.
A mudança do sistema político começará, por exemplo, com a mudança do modelo eleitoral vigente mas esse tema está longe de ser consensual. E porventura poderia considerar a eventual imposição aos partidos com representação parlamentar a obrigatoriedade de determinadas práticas políticas junto das pessoas, em respeito pelos votos que obtêm nos actos eleitorais (LFM)

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