domingo, janeiro 13, 2019

Nota: A saúde madeirense politicamente tão apetecida


A entrada em funcionamento do novo Hospital Privado da Madeira - oxalá eu esteja equivocado - e apesar da ligação que terá com o Medical Conter - e do anúncio de contratação de médicos madeirenses que trabalham fora da Região por inexistência de disponibilidade de trabalho na Madeira - terá implicações no serviço regional de saúde em termos de recursos humanos.
O poder político tem que perceber que, resolvidas questões que em 2015 ocuparam lugar destacado na agenda política e eleitoral regional, a saúde quase que se transforma - a par da mobilidade aérea, da política social e da maior dinamização da economia regional, alavancada no turismo e na dinamização do CINM - no principal item da agenda política e eleitoral para 2019. E não há volta a dar.
Desconheço se para o poder político regional isso - impacto do Hospital Privado no sector público regional da saúde - é ou não problema, se a questão já foi ou não analisada com profundidade e de forma pragmática e realista. Sobretudo quando é sabido que nunca antes de 205 ou 2026 teremos o novo Hospital da Madeira e que, paralelamente, a resposta do sector não se pode degradar. Mas esse é um tema sobre o qual não me compete pronunciar.
Uma coisa é certa: se por acaso começarmos a registar alguma degradação na capacidade de resposta do serviço público regional de saúdem, não duvidem que essas insuficiências voltarão às primeiras páginas dos jornais e demais mídia, todos os dias, pelo que então será demasiado tarde para se inventariarem as causas.

Pessoalmente - e não sou especialista no sector, nem pretendo ser - acho que é chegado o tempo para que o SESARAM faça uma inventariação do modelo de funcionamento da sua estrutura hospitalar, que perceba como funcionam os diferentes serviços, se eles funcionam de forma eficaz, se há ou não recursos humanos suficientes, se é necessário ou não fazer mudanças (é normal que isso aconteça) e quais e como e em que áreas, se existem ou não incentivos aos profissionais, se há ou não excessos em termos remuneratórios adicionais, porventura alguns até sem justificação plausível, penalizando outros profissionais que deviam ser incentivados (urgências e cirurgias em listas de espera), quais os gastos dos diferentes serviços hospitalares que possam ser considerados excessivos, qual o retrato dos serviços contratualizados externamente pelo SESARAM e quais os custos, repito, se é preciso mudar alguma coisa, o quê e como, se é preciso fazer mudanças em termos orgânicos para que as coisas funcionem de forma mais célere e eficaz, etc. Sei que isto não é "politicamente correcto" - porque pode mexer com muita coisa, com o "status quo" que perdura há décadas, com as pequenas ou grandes "quintas" que alegadamente existem no seio do próprio SESARAM, com a avaliação dos serviços e com a sua produtividade - mas admito que quem sabe do assunto, quem trabalha no sector, quem tem experiência de anos na saúde, sabe que dificilmente andarei longe da realidade e do que é necessário fazer.
No meio de tudo isto, da necessidade de olhar com atenção para a saúde regional enquanto uma das áreas prioritárias de qualquer governação, e onde a responsabilidades dos políticos e dos profissionais é porventura maior do que noutras áreas, a partidarização da saúde é patética.
Temos por exemplo um partido local que insiste falar na Saúde, por tudo e por nada, graças à confluência de um amuo pessoal com alguns anos, da uma velha ânsia do ajuste de contas e com o interesse pessoal – falo de quem aborda o tema – e a quem interessa “manter-se vivo” na expectativa de que, acabando os lugares políticos, possa ter uma oportunidade na estrutura orgânica do serviço hospital do qual faz parte. No meio destes propósitos vai "alindar" o discurso com outras "preocupações" que na realidade servem apenas para camuflar propósitos e ambições pessoais e profissionais fora da política.
Por outro lado, também foi patético, ridículo mesmo, que no mesmo dia em que o Tribunal de Contas divulgou em Lisboa um parecer demolidor no qual analisou de forma crítica e contundente a realidade no sector da saúde, incluindo dívidas e recursos financeiros e humanos, e um dia depois dos directores clínicos dos seis mais importantes hospitais de Lisboa terem divulgado um documento profundamente crítico quando ao funcionamento da saúde e sobretudo da estrutura hospitalar, Paulo Cafofo, na sua perigosa ânsia de falar de tudo e por nada, tenha perorado sobre a saúde na Madeira, tudo para ganhar espaço mediático e ser falado nos média – aliás, é patético, saloio, primário, abjecto e ridículo, o envio de SMS para jornalistas a convidá-los a visitar a página do Facebook de Paulo Cafofo porque "diz coisas interessantes e divulgáveis"...
Enfim é isto que temos e é com isto que teremos que lidar. A minha pergunta é esta: mas será este o melhor caminho? Repito, esta é a opinião de um plebeu que da saúde só espera que esteja sempre operacional e eficaz para responder sempre que for preciso. Isso basta-me e tranquiliza-me (LFM)

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