sábado, janeiro 05, 2019

Porto Santo: mais do mesmo ou a inexistência de alternativas?

O JM anuncia hoje que o Grupo Pestana decidiu encerrar três unidades hoteleiras na ilha dourada, como reflexo dos fracos resultados obtidos no inverno de 2018, com os funcionários a entrarem agora de férias. A autarquia local lamenta e contesta a decisão. Obviamente que isto é mais do mesmo, é uma decisão previsível e que exige que em vez de protestos repetitivos e vazios que nada resolvem, se tomem medidas que dinamizem a economia no Porto Santo e que se combata, de facto, com medidas eficazes e não com paleio, a sazonalidade que muitos não gostam de ouvir mas que é uma realidade incontornável.
E outros hotéis da Ilha Dourada que no passado tomaram a mesma decisão provavelmente não o fazem agora porque continuam a beneficiar de alguns contratos com operadores - a preços que tornam o negócio hoteleiro fora do período de Verão num pesadelo... Ninguém pode obrigar um investidor a ter uma unidade hoteleira aberta num determinado período do ano em que escasseiam as pessoas, em que a ilha não oferece nada dos visitantes a não ser a praia, só para fazer o frete aos políticos locais, acumular gostosamente prejuízos diários que ninguém suporta a não ser o próprio ou iludir as pessoas quanto à realidade ali existente.
O que o Porto  Santo precisa é de medidas concretas, não de esmolas para os seus habitantes ou de "antibióticos" para resolver casos pontuais até que nova maleita apareça mais tarde. Uma ilha com dificuldades nos transportes aéreos, apesar da melhoria dos meios disponibilizados, com problemas como este - de ficar privada de um barco por causa da sua necessária manutenção sem que seja encontrada obrigatoriamente uma alternativa - que não consegue arranjar emprego para os jovens que ali vivem de que esbarram com a incerteza da sobre o seu futuro e a convicção de que para poderem sonhar terão que sair da sua própria terra, é uma ilha que precisa de soluções estáveis e duradouras.
Uma vez escrevi que o Porto  Santo era refém das tretas de Verão. Não gostaram. Lembro-me bem desse dia.... Políticos em férias fazem sempre declarações pomposas, assumem compromissos, fazem promessas, mostram alegado interesse em resolver problemas concretos, abrem a "cremalheira" para as fotos de jornais ou imagens de TV mas depois, quando as férias acabam, rapidamente esquecem durante um ano a Ilha Dourada.
Eu disse, e mantenho, que o Porto Santo precisa de se unir, precisa de debater a sua realidade, sem complexos, assumindo tudo, o positivo e o lado negativo, virtudes e defeitos, etc. O Porto Santo precisa de uma actividade comercial local mais arrojadas, moderna, desenvolvida e estabilizada, precisa de cuidar da oferta aos residentes e visitantes, precisa de ter serviços complementares para o turismo diversificados e funcionais, precisa de virar-se a sério para o mar, precisa, numa expressão, de se reunir à volta de uma mesa e saber discutir, uns com os outros, todos. O que esperam as forças vivas do Porto Santo para promoverem um encontro, um congresso, um debate, uma conferência, chamem o que lhe quiserem, virada para o futuro, apostada no positivo, capaz de identificar os problemas concretos e propor medidas concretas, devidamente enquadradas, sincronizadas - por exemplo medidas fiscais mais apetecíveis ainda que atraiam pessoas e empresas - não proposta isoladas, descontextualizadas e sem exequibilidade. Enquanto isso não for feito teremos as habituais guerras entre protagonistas locais do costume, os mesmos de sempre, movidas pelas vaidades e ambições pessoas, conflitos entre as tretas dos partidos - alguns só se ouvem nas campanhas eleitorais - etc. Tentem por favor organizar essa iniciativa que vai interessar a todos, que pode abrir outras portas, outra esperança, outro futuro ao Porto Santo. Antes que seja tarde demais (LFM)

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