Vai
continuar a ser, infelizmente, um dos calcanhares de Aquiles das discussões
políticas em 2019. Não propriamente pelo modelo - porque é melhor do que o
anterior em termos de reembolso - nem sequer pela desconfiança tonta e patética
sobre os cartões de crédito "versus" pagamentos multibanco (um
assunto que me mete nojo). Falo dos custos astronómicos que representa para o
Orçamento de Estado - um membro do governo da geringonça alertou para valores
anuais da ordem dos 40 milhões de euros no final de 2018 o que dispensa mais
comentários, sobretudo quando se pretende apurar a importância do modelo
para...as companhias aéreas.
É
fácil perceber: se temos a TAP e a Easyjet a cobrar para percursos tipo
Lisboa-Paris, Lisboa-Roma ou Lisboa-Londres, com duração semelhante à da
Madeira, ou mais distante ainda, valores entre os 50 e os 60 euros (dois
sentidos) e praticam para o Funchal valores da ordem dos 200, 300, 400 ou mesmo
500 euros para apenas 90m de voo, acho que não precisamos dizer mais nada
quanto à rentabilidade deste tarifário especulativo, autêntica roubalheira com
a escandalosa cumplicidade do Estado geringonçal e pagador.
Estamos
perante uma forma de financiamento encapotado e indireto de companhias aéreas,
repito, com a cumplicidade do Estado geringonçal que não pode andar a disfarçar
a realidade com outras histórias idiotas para desviar a atenção das pessoas do
essencial. O Estado geringonçal não tem hoje capacidade de pressionar as
companhias aéreas, aliás as ameaças que uma dela fez - caso alterassem
procedimentos com a aplicação do subsídio de mobilidade é reveladora - parece
que incomodaram Lisboa, que recusou, apesar de sabermos que é ela quem precisa
de resolver essa pouca vergonha que é termos uma companhia aérea de bandeira,
alegadamente pública - na realidade o Estado geringonçal tem apenas 51% do capital
social, depois do frete dos socialistas ao PC e Bloco por causa das mordomias e
interesses sindicais na empresa e cuja privatização colocou em causa - quando
na realidade estamos perante uma companhia gerida por privados, que pretende -
e bem - dar lucros e em relação á qual o Estado geringonçal não quer ter
qualquer encargo, independentemente das proibições impostas por Bruxelas quanto
uma qualquer injeção de capitais na empresa.
A
relação entre o subsídio de mobilidade para a Madeira e os Açores e o financiamento
de companhias como a TAP, SATA, Easyjet, Transavia e Ryanair faz com que este
assunto continue na agenda, e que em 2019, por ser ano eleitoral, as críticas
em torno do tema - à falta de outro - se intensificarão. Mas tal como aconteceu
até hoje, "os cães (nós todos) ladram mas a caravana (a realidade)
passa", porque de facto nada foi resolvido neste domínio.
A
presença de Antonaldo no parlamento regional e mais recentemente de Fernando
Pinto – ambos para falarem deste tema – mostrou que a TAP não está disposta a
ceder em nada e que qualquer alteração que seja feita nesta matéria vai encontrar
dificuldades. Foi absolutamente patético ouvir Fernando Pinto negar que a TAP
receba subsídios públicos desde 2008 - está proibida por Bruxelas – e disse
mesmo que o subsídio de mobilidade era um apoio dado pelo governo aos passageiros
das ilhas. Patética esta lógica de gestores brasileiros importados que não entendem
a realidade insular e os constrangimentos da insularidade (LFM)
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