Os EUA apoiam oposição, Rússia e China apoiam Maduro - os negócios obrigam a isso. Peço desculpa por destoar, mas há 20 anos que os venezuelanos que vivem no exterior e os que lá vive, aguardam por mudanças que falham sempre, sobretudo porque a oposição interna está dividida, porque há uma guerra de protagonismos e vaidades pessoais entre os líderes das diferentes facções, cada uma temendo a concorrência e a visibilidade dos outros. Agora parece que se unem em torno do presidente do parlamento, mas para que a mudança se faça é preciso muita coisa, a começar pela teimosia e pela existência de condições para enfrentar a ditadura causando pesados prejuízos na estrutura militar fascista de Caracas (falo de dissidências essencialmente, de fragilização do complexo militar controlado por Maduro e pela ditadura). E pelo esclarecimento, sobretudo dos mais pobres e analfabetos, que são os que mais sofrem com a fome e a com falta de tudo, mas que continuam fieis a uma revolução que lhes prometeu (falhou) o céu na terra.
Ou seja, eu penso que se não forem os venezuelanos internamente a se revoltarem de forma organizada e com uma liderança forte que seja portadora de um discurso e de uma mensagem política e social mobilizadora, se não impuserem mudanças ao comportamento tido até hoje, se não forem as forças armadas a destruir os comandos militares corruptos e comprados pelo regime - e que enquanto tiverem a mordomias bandalhas os colocam ao lado do ditador - a Venezuela nunca vai mudar nos tempos mais próximos
A politização do conflito interno coloca a Venezuela à beira do caos, da fome, da miséria, dos confrontos diários, da morte e da fuga do país. Mas a ditadura - e Maduro foi empossado há dias para um novo mandato de 6 anos e nunca largará o poder se não for pela força - não muda. E não me apetece dizer mais nada quanto ao impacto de manifestações no exterior, absolutamente insignificantes, particularmente quando a Venezuela vira palco de confronto entre as super-potências, cada uma tomando posição em função dos seus interesses, sobretudo económicos. Como diz o povo, EUA, Rússia, China e Europa estão-se lixando para os venezuelanos.
Repito, enquanto não houver uma mudança interna, no coração do próprio regime, nas suas bases de apoio mais fortes e ameaçadoras, nada feito. Tudo o que Trump disser é trampa. Porque os EUA não farão nada que provoque a Rússia e a China. Aliás, acho estranho que os EUA, tal como fizeram no Iraque, no Kuwait e noutros países - e quem diz os EUA diz Israel - não tenham enviado determinadas forças obscuras que que movem no terreno de forma hábil e eficaz e que normalmente são quem previamente mina os sistemas totalitários que estão para ser derrubados. Os regime totalitários só caiem se apodrecerem e de dentro para fora nunca de fora para dentro. O 25 de Abril dá-nos umas luzes sobre isso.
Uma nota final que demonstra muita da hipocrisia política e de chavões repetidamente usados pelos políticos quando há conflitos do género: em linha com Bruxelas, o nosso MNE apelou à realização de eleições livres na Venezuela e apelou também ao fim da violência. Mas por acaso acha o nosso socialista MNE que Maduro, repito, empossado há dias para mais 6 anos de poleiro, vai entregar de bandeja esse poder e o esquema de corrupção ali montado, por causa de manifestações na rua ou das teatralidades - porque também são - de um jovem e ambicioso presidente de um parlamento alegadamente representativo dos venezuelanos? Nada mais a dizer. E viva a Venezuela livre e democrática. Quando? Não sei (LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário