quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Nota: é muito difícil entender isso?

Será que é muito difícil entender que muito do que vai acontecer nas próximas eleições, sejam elas quais forem, tem a ver também e cada vez mais com a "guerra" comunicacional, com o uso dado aquilo que vulgarmente catalogamos de marketing político puro e duro e que transcende lugares-comuns. Com o impacto das estratégias de comunicação junto das pessoas muito do que antes era feito em pré-campanhas e campanhas eleitorais, perdeu lógica. A conjugação do que é proposto com o que foi realizado ou ficou por realizar é um dos pilares determinantes que influenciará o a atitude do eleitorado. Quem prometeu e falhou, quem vive da venda de sorrisos idiotas como se fosse um vendedor de pasta de dentes, quem apenas quer construir uma imagem em função da propaganda e da comunicação, dificilmente cativará a atenção das pessoas, cada vez mais inteligentes e que entendem facilmente o que realmente está em cima da mesa. As pessoas sabem que há projectos de poder, pessoais ou de pandilhas, de mera conquista de poder que apenas visam a substituição de A por B, mantendo o essencial. A própria renovação do eleitorado traz desafios diferentes e novos aos partidos e aos políticos que não podem cair no erro da rotina, de mais do mesmo, de fazer o que sempre foi feito como se nada mudasse à sua volta. 
Teorias que antes, e alegadamente, poderiam cativar o apoio e o voto, são hoje olhadas como banalidades, como uma mera obrigação de quem ganha eleições e assumiu responsabilidades executivas. Por exemplo, olhar pelos mais carenciados, pelos pobres, pelos idosos, pelos desempregados, espicaçar a economia, olhar pelos jovens, pela saúde, pela educação, antecipar o impacto de quedas demográficas acentuadas, olhar pelos pelos rendimentos das famílias, etc, deixou de ser algo de transcendente porque é cada vez mais olhado como uma obrigação incontornável de quem é poder. O problema está, no que aos eleitores diz respeito, em perceber a distância que existe entre o prometido e o realizado. Mesmo assim, é a credibilidade das pessoas, a confiança que elas suscitam, a ideia que os eleitores criam em torno dos candidatos, a consistência de uma relação que se cria antes e depois das eleições é que são, tudo conjugado, os factores determinantes para os desfechos eleitorais. Embora não tenha dados concretos, porque não existem estudos sobre esse tema, estimo que cerca de 40% dos votantes na Madeira são eleitores descomprometidos, sem laços afectivos e efectivos com os partidos, que votam em função de factos concretos, que escolhem em função de motivações, de conjunturas, de decisões, de polémicas ou incompetências, etc. Se uma pessoa não suscita confiança junto do eleitorado a aposta é uma aposta perdida e nem sequer é preciso esperar pelas urnas. Essa percepção consegue-se identificar antecipadamente. Muito mais do que as campanhas tradicionais que cada vez mais perdem impacto num contexto de um acto eleitoral. E que perderam fulgor, até porque os recursos financeiros disponíveis são cada vez mais reduzidos e o controlo sobre os partidos e as suas candidaturas é também cada vez maior.
No caso concreto da Madeira julgo que o eleitorado, na sua esmagadora maioria já sabe o que vai fazer. Muitos votarão de forma diferente nas 3 eleições que teremos na Madeira - europeias, regionais e legislativas nacionais. Tal como acontece (e aconteceu) nas autárquicas - e basta que analisem calmamente os resultados, para perceberem como os eleitores votam de forma diferente para as freguesias ou para as câmaras municipais. Muitos já identificaram quais as bandeiras eleitorais em 2019, que provavelmente pouco ou nada terão a ver com as bandeiras eleitorais que agitaram a campanha eleitoral regional e para as legislativas nacionais, em 2015.
Por isso,acho que se as pessoas demoram tempo a perceber o que está (e estará ) em cima da mesa, se não há a capacidade de tentar antecipar acontecimentos, se não há uma estratégia de resposta adequada, se não conseguem gerar empatias pessoais, de nada valendo o esforço para serem o que na realidade não são, porque todos perceberão o incómodo, então há qualquer coisa que não funciona e há uma realidade que continua a passar ao lado das pessoas. Nesse caso, acho melhor eu me dedicar à pesca! (LFM)

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