quinta-feira, maio 23, 2019

Europeias-2019: abstenção, sempre a aumentar, vai bater recorde este ano?

A previsão de tempo bastante quente no fim-de-semana, convidativo para a praia, pelo que este facto surge agora como uma ameaça a uma maior participação, reclamada pelos diferentes partidos, principais interessados na disputa eleitoral pelo jogo de mandatos em causa.
Gostaria de salientar que o que referi num post anterior – de que em situações normais os eleitores madeirenses deveriam boicotar as europeias de domingo em 100%, por ser essa a resposta mais adequada a uma Europa, cuja representatividade e a própria legitimidade política tem sido questionada nos últimos anos – é mantido integralmente porque considero uma hipocrisia os madeirenses votarem na Europa, concretamente numa das suas instituições (o PE), quando é essa mesma Europa que se prepara para nos prejudicar, quer por via dos cortes nos fundos estruturais já em 2020, quer por via de tudo o que tem feito em relação ao CINM com prejuízos financeiros e sociais concretos e que tenderão a aumentar.
Um dos enigmas das europeias de domingo - provavelmente o maior - tem a ver com a dimensão da abstenção e com o significado que cada partido vai dar a esse fenómeno que, não constituindo novidade neste acto eleitoral, mostra cada vez mais um distanciamento entre os cidadãos e a Europa das nomenklaturas partidárias.
Aliás, não é por acaso que os partidos recusam mudar a lei eleitoral para o PE, porque as listas europeias foram, são e eles querem que continuem a ser únicas e nacionais e, por isso mesmo, uma arena manipulável e manipulada para negociatas e para a promoção da parvoíce e da mediocridade. Enquanto não tivermos uma lei eleitoral descentralizada, que permita que os eleitores das ilhas, do norte, do sul e do centro do país elejam os seus deputados próprios, a que se juntam depois os deputados eleitos numa lista nacional remanescente, vamos ter eleições europeias que constituem uma vergonha em termos de participação eleitoral.
Lembremos a abstenção, sempre a crescer, registada nas europeias em termos globais nacionais:
1987 – 27,6%
1989 – 48,9%
1994 – 64,5%
1999 – 60,1%
2004 – 61,4%
2009 – 63,2%

2014 – 66,2%
Em termos regionais, no caso concreto na Madeira – e é lamentável que ninguém reclame a mudança da lei eleitoral vigente em Portugal, que pode ser alterada, para que os eurodeputados nacionais deixem de ser eleitos numa negociata partidária em listas nacionais, muitos deles impostos pelas elites distritais ou pela estrutura dirigente - a abstenção nas europeias também está sempre a crescer, em termos globais como podemos constatar:
1987 – 33,0%
1989 – 43,3%
1994 – 50,4%
1999 – 55,3%
2004 – 54,1%
2009 – 59,8%
2014 – 66,1% (LFM)

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