sábado, julho 20, 2019

Nota: Cafofo, o PS-M e a palhaçada de um modelo que apenas serviu para tomar o partido de assalto

Muito sinceramente eu acho que depois das europeias de Maio passado, por muito que disfarce, o PS-M levou um soco no estomago que o faz entrar num espiral de populismo do mais rasteiro de rafeiro que há, indo atrás da agenda mediática, prometendo tudo a todos os que contacta no quadro da agenda mediática de propaganda, ao ponto de perigosamente perder o equilíbrio, como aliás tem demonstrado o candidato a candidato. O PS-M não percebeu, ou não quer perceber - pelo menos nos tempos presentes - que dificilmente ganha eleições sozinho à escala regional. Não tem votos suficientes, nunca ganhou uma eleição, repito, à dimensão regional - exceptuando a autárquica e neste caso graças a coligações pontuais, ao mérito de alguns dos candidatos que deram a cara pelos socialistas e também, nalguns concelhos sobretudo, devido ao demérito do PSD-M que cometeu erros clamorosos nas suas escolhas, alguns erros de palmatória que nem a inexperiência explica, as que acabaram por acelerar várias das suas derrotas e causaram impacto desmotivacional nas estruturas partidárias de algumas localidades. O PS ganhou no Funchal, em 2013 - escuso-me de explicar o enquadramento que esteve na gênese dessa vitória... - e em 2017 (mais facilitada pela dinâmica que vem de trás...) graças a coligações. Em 2013 com outros 5 partidos (Bloco, PND, PTP, MPT e PAN), em 2017 com mais 4 partidos (JPP, Bloco, PDR e Nós Cidadãos). Em 2013 superando o PSD-M apenas em 2.845 votos e 9,8%, comparativamente às regionais de 2011. Em 2017, comparando com as regionais de 2015, o PS obteve no Funchal mais 10.460 votos e mais 17,3%.
O PS-M (e Cafofo) esqueceram-se que 2015 foram as piores regionais para todos, com uma abstenção superior a 56% - nunca antes vista - e que PSD-M obteve o seu pior resultado de sempre, algo que foi explicado facilmente pelo impacto da disputa e mudança de liderança entre final de 2014 e inicio de 2015, processos que nem sempre são pacíficos. Foi o fracasso da coligação de Vitor Freitas nas regionais de 2015, que abriu caminho a Carlos Pereira depois destronada por uma jogada de bastidores, envolvendo várias estruturas concelhias e alguns barões, movimentos desvalorizados por CP que mesmo assim perdeu por poucos. Aquilo que parecia ser, nas contas da dupla Câmara-Cafofo, uma irreversibilidade, colidiu com as europeias - por sinal as eleições que para o PSD-M nunca foram das melhores. O PS-M entre as autárquicas de 2017 e as europeias de 2019 perdeu no Funchal em toda a linha - os protagonistas da coligação de 2017 não foram além de 15.310 votos (menos mais de 10 mil votos na capital!) e somaram 35,3% (42,1% em 2017) num cenário abstencionista de quase 60% dos eleitores na capital madeirense. Os sinos tocaram a rebate, mesmo! Por isso, comecemos pelo principio. Numa entrevista ao JM, este fim-de-semana, Paulo Cafofo comete um novo erro político, bem grave, aparecendo a "justificar" paternalisticamente a opção do PS-Madeira pela escolha de Carlos Pereira, vigiado de perto pelo filho do líder do PS e por uma candidata da confiança de Câmara.
Pereira "amarrado de curto" e calado
Para quem como nós anda há muitos anos nisto da política, percebemos logo que a continuidade de CP - que desde as europeias vinha mantendo uma atitude crítica em relação à liderança socialista regional - é no fundo, mais do que reconhecer a utilidade do trabalho realizado (embora ele tivesse sido mais virado para lá do que para cá, não fossem os debates televisivos na RTP-M e isso seria amplamente confirmado) por quem foi sempre apoiado por Carlos César (de saída...), resolver um potencial prolema político. Não fosse a proximidade das regionais e das legislativas e certamente o tratamento a dar a CP teria sido substancialmente diferente (e eu sei do que faço, acreditem ou não no que vos garanto). Não vale a pena desmentirem o que todos sabemos ser uma realidade. O próprio CP, enquanto candidato a novo mandato em São Bento, fica "amarrado de curto", com o seu espaço de manobra muito reduzido e condicionado e previsivelmente remeter-se-á ao silêncio, não sendo expectável qualquer tomada de posição pública mais contundente como as que fazia desde que foi destronado da liderança do PS-M até ao pós-europeias de Maio de 2019.
Erro grave, mais um, do falso independente Cafofo

Grave é ver Cafofo assumir uma posição de quase liderança do PS-Madeira quando é sabido que ele vende a ideia de que é um "independente" (sabemos que falsamente) e que nem dirigente do PS-M é, algo que foi uma opção sua para facilitar uma falhada coligação para as regionais. Cada vez mais as pessoas ficam baralhadas e não sabem se o PS-M é uma monarquia partilhada pelo rei e pelo príncipe herdeiro à espera que o monarca abdique ou caia do trono, ou se eles não se entendem com o modelo que viria a estar na origem do assalto ao poder do PS-M para que a solução fosse imposta a um partido eternamente refém destes jogos de bastidores, sobretudo no eixo Funchal-Machico, que é quem realmente manda no partido (Câmara, Cafofo e o autarca e deputado da Água de Pena, Avelino Conceição).
Emanuel secundarizado? Não...
Qualquer explicação partidária, qualquer justificação política, qualquer consideração sobre a recandidatura de Carlos Pereira a São Bento teria que ser sempre de Emanuel Câmara, Presidente do PS-Madeira, e nunca de Cafofo, sem autoridade nem legitimidade para se imiscuir em questões essencialmente partidárias. Só que eu sei, aliás em continuidade como que referi anteriormente, que Emanuel Câmara nunca deitaria uma esponja no passado de nas críticas duras que CP lhe fez depois da derrota deste na disputa pela liderança dos socialistas. A verdade é que esta subversão não ajuda em nada o PS-Madeira nem os candidatos ou alegados candidatos e instala muita desconfiança entre os eleitores descomprometidos que tanto votam, PS como votam noutros partidos ou nem votam (o chamado eleitorado flutuante). Os eleitores querem regras claras no funcionamento dos partidos e detestam a ideia de que há manobras internas que aconteceram apenas devido a uma fome de poder (e já vamos falar disso num segundo texto dedicado ainda à entrevista de Cafofo ao JM, tendo a CMF como referência). E há coisa que não há nenhuma agência de comunicação, por muito experimentados que sejam os seus proprietários, consegue resolver (LFM)

Sem comentários: