terça-feira, julho 23, 2019

Nota: o meu pavor da presença de Rio no Chão da Lagoa

Ontem saiu mais uma sondagem terrível para o PSD. Rio obviamente desvalorizou, o costume. Aliás, não me lembro de nenhuma sondagem favorável ao PSD desde que Rio assumiu a liderança do partido. Dizia há dias um jornalista  num debate televisivo, que há um problema grave no PSD de Rio que admito ajude a entender melhor por que razão o partido se afunda nas sondagens, independentemente da realidade depois poder ser diferente - como aconteceu com as europeias. 
Basicamente, dizia aquele jornalista, há um fosso crescente entre aquilo que Rio passa os dias a dizer - nos poucos dias em que se dá por ele... - e aquilo que os eleitores do PSD (não os eleitores fiéis, os militantes ou os simpatizantes, mas sim os chamados eleitores flutuantes de quem dependem as vitórias ou as derrotas eleitorais, e que precisam  ser conquistados e convencidos) querem  ouvir.
Rio parece que não entende isso e como já não bastasse essa insuficiência, parece que gosta de se fragilizar em guerras internas tontas - o seu feitio arrogante, convencido e algo co flutuoso também explica muita coisa -  que apenas afundam ainda mais um partido dividido e desmotivado e desmobilizado. E isto sem que eu queira defender a "orfandade" passista que continua agarrada a lugares de destaque à procura de tachos para melhor estenderem a carpete vermelha...
Sinceramente tenho medo, diria mesmo algum pavor, dos efeitos de uma presença de Rio na festa do Chão da Lagoa - a submissão doentia e inapropriada a Passos, nos tempos da troika e da bandalhice governativa da coligação PSD-Portas, atirou o PSD-Madeira para os momentos eleitorais mais negros da sua história. Os números (2015 e 2017) estão lá e dispensam qualquer perda de tempo a justificar o injustificável.
Acresce que Rio - tenho a certeza disso - não vai trazer nada de útil, tal como Passos nada trouxe - nem ao PSD, nem à Madeira nem aos Madeirenses. Isto porque eu continuo a pensar que Rio não tem perfil para liderar o PSD, que a sua candidatura à liderança foi essencialmente parida na comunicação social graças à capacidade de manobra de grupos de pressão afectos ao ex-autarca do Porto e por achar, porque acho, que as pessoas, sobretudo as que estão ligadas ao universo eleitoral do PSD, já estão fartas dele, da sua incapacidade de construir uma alternativa ao PS. Não há discurso político, não há ideias refrescadas, parece estar mal aconselhado, não entende que liderar o PSD nestas circunstâncias não é um recreio, está longe de ter o partido na mão, reunido à sua volta, em seu apoio, julga-se um "monstro político" quando nem sequer é lagartixa. Mostra que não há convicção no que diz, não há entusiasmo, vai atrás da agenda de terceiros, não cria a sua agenda, não coloca na agenda política e sobretudo a mediática, factos e polémicas suscitadas pelo próprio passíveis de incomodarem a geringonça, há até uma certa "veia passista" mal escondida quanto à despesa pública com as áreas sociais, não há uma liderança mobilizadora que anime as hostes, que mostre que vale a pena acreditar. Sei que é mau demais, mas é isso que eu penso, e não alinho em hipocrisias. Acho até que os portugueses se fartaram de Rio mesmo antes de ter sido eleito líder do PSD. E esse é o grande mal do PSD nacional que não pode pegar essas maleitas todas ao PSD-M, sob pena de cairmos de cama com qualquer doença mais contagiosa. Se no ambiente do hão da Lagoa não fizer um discurso arrebatador, de não trouxer algo de novo, se não mostrara diferença, se não superar as suas insuficiências, se não explicar os motivos das suas guerras internas - dizendo tudo claramente, sem rodeios - a presença de Rio naquele ambiente será uma perda de tempo. Oxalá aconteça o contrário disso. Seria desde logo bom para ele e para os desafios eleitorais do PSD nacional, daqui a escassos meses. Política é política, não há lugar a paninhos quentes, ao faz-de-conta, a caganças pessoais ou sociais, a cinzentismos traiçoeiros e mal-encarados. Se não interiorizarem isto - política é combate por causas, conviccões, projectos e diferenças - nada feito! (LFM)

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