sexta-feira, novembro 01, 2019

Nota: deambulações que espero sejam úteis...

Suspeito - mas não tenho a certeza disso - que o PSD-M e o CDS-M ainda não perceberam plenamente (?) o que está em cima da mesa em termos das exigências políticas nesta Legislatura parlamentar regional que será, indiscutivelmente, das mais difíceis de todas, senão mesmo a mais difícil de todas, e na qual não há margem de manobra para contradições, temores, "paninhos quentes" ou hesitações sobretudo no confronto com o PS-M ressabiado por ter sido derrotado e ver-se atirado para a oposição apesar de ter dizimado toda a oposição de esquerda e beneficiado de voto útil de alguns sectores do eleitorado mais conservador, o que explica a penalização do CDS-M.
Também acho que PSD-M e CDS-M devem finalmente olhar para a questão comunicacional como ela deve ser olhada, estruturada, organizada e dotada de todos os meios para funcionar com eficácia. Tenho algum receio a este nível, tenho imensas dúvidas - que não vou pormenorizar - porque se entre 2015 e 2019 esse foi um dos "calcanhares de Aquiles" mais negativos, era de supor que este deveria ser o momento adequado não apenas para mudanças mas para perceber que comunicação institucional num governo é também e essencialmente comunicação política.
Os governos não precisam de assessorias de comunicação ou de imprensa ou chamem-lhes o que quiserem, insonsas neutrais ou cinzentas, porque os governos não precisam de ter extensões de redacções ao seu serviço. O papel dos assessores de imprensa é mais do que um mero fazedor de notícias. Tem que antecipar situações, tem que organizar serviços internamente na estrutura, tem que criar canais internos devidamente articulados entre si, tem que recusar qualquer lógica de "campeonato venda" de membros do governo como se estivessem a vender sabonetes, tem que criar uma mensagem comunicacional atraente, sem narizes de cera, directa, verdadeira, factual, facilmente entendível pelas pessoas, porque é a opinião pública em geral o último alvo do trabalho de qualquer assessor de imprensa ou de comunicação, tem que ajudar a responder a situações, sejam elas mais ou menos complexas, tem que criar pontes afectivas com as redacções lá fora, etc.
Se necessário for, que seja elaborado pelo PSD-M e pelo CDS-M uma espécie de manual de procedimentos comuns, uma cartilha sobretudo no parlamento, que impeça o aparecimento de crises de relacionamento que fragilizem e possam  ser aproveitados por um PS-M assanhado, ressabiado, esfomeado que está à espreita, em todas as esquinas, pelo mínimo deslize. Eu muito sinceramente acho que uma certa pasmaceira do passado não indicia nada de bom. E mais. Política é política, ponto final. A política não pode ser uma espécie de "menage" a cinco ou seis (partidos), em que nem se notam as diferenças entre esses protagonistas, tudo isto em nome do politicamente correcto, do primado da ingenuidade na política e de um "porreirismo" que distorce a politica, esbate as diferenças que existem e existirão sempre.
Há que estar atento, pelo que nunca é demais afirmar que PSD-M e CDS-M (embora este possa vir a ter dificuldades porque com dois deputados operacionais julgo que apenas Lopes da Fonseca estará em condições de ir a combate, ao contrário de conhecidos oportunistas incompetentes execráveis) têm pessoas experientes, têm gente para o combate político, não podem dar um milímetro que seja de terreno aos socialistas locais que já deram sinais concretos do que querem, ao que vêm e que terão cada vez mais dificuldades em gerir o seu posicionamento na oposição depois de terem apostado o que tinham e o que não tinham na vitória que chegou a ser mais do que um sonho, alimentado não por factos, mas por sondagens que valem o que valem.
E, mais importante de tudo, há que fazer um balanço ao que foi feito no passado, na Legislatura anterior, se isso serviu para alguma coisa, se os cidadãos reforçaram a sua confiança e o seu apoio, se as imitações do que os pequenos partidos fazem constituíram as opções mais acertadas e representaram mais-valias, se eleitoralmente um mediatismo forçado. Estas deambulações num tempo novo são minhas, apenas e só minhas, não quero que concordem com elas, quero apenas que as leiam, caso queiram, e decidam se tenho ou não alguma razão, se elas são ou não úteis. Tenho medo que uma espécie de dança de titulares dessas cadeiras, acabe por deixar tudo perigosamente na mesma a este nível. O que nos faltava era que nos obrigassem a alimentar e aceitar uma intolerável falta de coragem e de seriedade para reconhecermos o que correu mal, o que funcionou mal e, mais do que isso, não haver a dignidade de ao menos proporem e aceitarem as alterações que as grandes mudanças exigem e impõem aos partidos e aos políticos. (LFM)

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