quinta-feira, novembro 07, 2019

Programa de Governo: obras públicas

Está reconhecido que após um ciclo marcado por um intenso e continuado esforço de investimento público, as principais carências a nível infraestrutural da Região encontram-se generalizadamente superadas. Na atual legislatura serão colmatadas as necessidades, já identificadas, nos setores da educação e da saúde e assegurada a conclusão de obras estruturantes que se encontravam suspensas devido às restrições orçamentais do período de ajustamento económico e financeiro. Paralelamente, será reforçado o esforço de investimento público para assegurar a adequada conservação, preventiva e corretiva, e a reabilitação das infraestruturas e equipamentos públicos em serviço, nas melhores condições técnicas de utilização e de segurança e a sua exploração sustentável em termos ambientais, sociais e económicos.
Por outro lado, dadas as características naturais da Região, muito desfavoráveis relativamente à exposição a determinados riscos naturais, em especial num contexto de alterações climáticas aceleradas, é prioritário para este Governo assegurar uma resposta pública continuada, integrada e multissectorial no sentido de mitigar os seus efeitos.

Importa ainda destacar a importância que se confere às intervenções de reabilitação que envolvam a recuperação de edifícios, assegurando a utilização do edificado existente nas melhores condições de segurança e de conforto e promovendo a melhoria do desempenho energético do edificado, medidas estas com impacto também na geração de emprego e de novas oportunidades de utilização dos imóveis públicos.

Infraestruturas Rodoviárias

A disponibilidade de fundos comunitários e o esforço de investimento público efetuado na construção de infraestruturas, nas últimas décadas, permitiu a obtenção de uma rede rodoviária moderna, garantindo boas acessibilidades aos principais centros populacionais e simultaneamente potenciando o surgimento de novos polos de atividade económica.
De facto, a construção das infraestruturas viárias de caráter estruturante vindo a desempenhar um papel fundamental na dinâmica do processo de desenvolvimento da Região, assumindo-se simultaneamente como um fator decisivo na estruturação física do território.

Orientações estratégicas

Consolidar os corredores estruturantes - Vias rápidas e Vias Expresso - concluindo os troços viários da rede viária principal cuja construção foi interrompida durante o período de ajustamento económico e financeiro, assumindo uma estratégia que contribua para materializar o retorno em valor do investimento já efetuado em ativos infraestruturais pelo sector público. No caso das ligações Ribeira de S. Jorge / Arco de S. Jorge, Fajã de Ovelha/Ponta do Pargo e ainda Jardim da Serra/Estreito de Câmara de Lobos, devem ser vistos como eixos prioritários de coesão, uma vez que se revelam decisivos para mitigar os défices de integração económica e social que subsistem.
Construir novas ligações na rede viária principal, que por um lado, se revelem catalisadoras do potencial económico e turístico da Região e, por outro, evitem alguns casos de saturação.
Melhorar a rede viária – Via Rápida, em alguns nós que apresentam problemas de saturação e que obrigam a intervenções com vista a eliminar ou mitigar os estrangulamentos de operacionalidade existentes, adequando-os à atual procura e assegurando correntes de tráfego estáveis.
Requalificar algumas das estradas regionais, atualizando as suas caraterísticas às atuais necessidades da população e que passam por rever as interseções, acessos transversais, perfil transversal, iluminação pública e equipamentos de segurança.
Mitigar o risco de exposição a instabilidades geológicas, designadamente taludes/escarpas onde estão implantadas as vias de comunicação, sendo emergente a necessidade de realização de obras de estabilização geotécnica de taludes e, ou estruturas de suporte.
Assegurar a conservação e manutenção da infraestrutura rodoviária existente, de forma a garantir padrões mínimos de conforto e segurança rodoviária, aproveitando a oportunidade da implementação do PAMUS - Plano de Ação para a Mobilidade Urbana Sustentável para a materialização de circuitos rodoviários com interesse turístico que ofereçam boas condições de operacionalidade e segurança, para a obtenção de financiamento que garanta a sua implementação.

Equipamentos Sociais e Conservação

Nesta legislatura, para além da concretização em obra do novo Hospital Central da Madeira, atualmente em fase de concurso, e da conclusão das novas escolas do Porto Santo e da Ribeira Brava, o esforço de investimento será reconcentrado na satisfação de algumas necessidades de novos equipamentos atualmente identificadas ou antecipáveis e em continuados e integrados programas de reabilitação estrutural e de modernização/ requalificação do edificado existente, designadamente nos setores da educação, saúde e cultura e na sua adequada conservação e manutenção preventiva e corretiva. Tais intervenções visam, sobretudo, assegurar a utilização do edificado existente nas melhores condições de segurança e de conforto, de forma a permitir que o mesmo contribua para o bem-estar das populações, para a sua qualidade de vida e para a competitividade da economia regional.
No âmbito do tipo de intervenções anteriormente referidas, será dada especial atenção à melhoria do desempenho energético do edificado a intervencionar, contribuindo-se também, deste modo, para uma maior sustentabilidade económica e ambiental em termos da sua exploração e utilização. Nas situações de necessidade de novas instalações e equipamentos, dar-se-á especial atenção á avaliação da sua satisfação através de intervenções de ampliação/redimensionamento do edificado existente, que permitam esgotar plenamente as capacidades instaladas. Desta forma serão as necessidades emergentes satisfeitas com menores custos, prolongando-se por outro lado, a vida útil do edificado existente, evitando-se também sobrecarregar a capacidade de carga do território. Num outro plano, será também dada especial atenção em tais situações, a soluções alternativas que permitam satisfazer as necessidades emergentes, através de intervenções de reabilitação que envolvam a recuperação de edifícios com relevante interesse histórico ou patrimonial.

Orientações estratégicas

Executar a obra de construção do novo Hospital Central da Madeira e, paralelamente, assegurar as melhores condições de serviço e de operacionalidade das infraestruturas hospitalares atualmente existentes, designadamente através de intervenções de Reabilitação do Bloco Central (cirurgias) do Hospital Nélio de Mendonça e da remodelação dos interiores do Hospital dos Marmeleiros e reestruturar a rede de centros de saúde, em articulação com a Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil.
Reabilitar e modernizar a Rede Escolar e os equipamentos desportivos associados, em articulação com a Secretaria Regional da Educação, Ciência e Tecnologia, adaptando-a à oferta pedagógica e formativa atual, abrangendo os aspetos estruturais e de segurança e de eficiência energética.
Requalificar as infraestruturas e equipamentos públicos de apoio ao desenvolvimento socioeconómico, cujo desgaste decorrente da sua utilização e antiguidade da respetiva conceção, recomendam intervenções em termos da melhoria das suas condições de segurança e conforto.
Promover uma arquitetura inclusiva e implementar medidas de autoproteção nos edifícios e equipamentos públicos.

Hidráulica Fluvial

A Ilha da Madeira, tem características naturais muito desfavoráveis, relativamente ao fenómeno das aluviões. No âmbito dos riscos naturais, a par dos incêndios florestais e das instabilizações geotécnicas, em especial num contexto de alterações climáticas aceleradas, as aluviões são um dos maiores riscos naturais que a Região continuará a enfrentar num futuro próximo. Trata-se de um risco natural, historicamente recorrente, que não podendo ser evitado, recomenda uma resposta pública continuada, integrada e multissectorial no sentido de mitigar os seus efeitos, historicamente sempre muito severos na Região.
As características naturais desfavoráveis da ilha relativamente ao fenómeno das aluviões advêm da sua orografia particularmente agressiva, do tipo de ocupação do território, historicamente muito concentrado nos vales e zonas terminais dos cursos de água (cones de dejeção), onde se localizam, os principais aglomerados urbanos e as atividades comerciais e industriais mais relevantes.
Acresce o fenómeno dos incêndios florestais, cujas ocorrências recentes, designadamente desde 2010, afetaram áreas muito significativas das principais bacias hidrográficas da Região. Tais ocorrências, constituem um risco agravado e potenciador dos fatores desencadeantes e das consequências sempre severas, em termos dos danos provocados pelas aluviões.
Assim, constituindo um risco público de elevada perigosidade, as aluviões exigem uma resposta integrada, continuada e multissectorial, concretizando e dando continuidade às medidas orientadoras preconizadas no Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha da Madeira (EARAM).


Orientações estratégicas

·        Promover a execução de intervenções visando a diminuição da produção e o controlo do escoamento torrencial das principais bacias hidrográficas designadamente as das ribeiras da Ribeira Brava; Madalena do Mar; Funchal; Socorridos; São Vicente e de Machico.
·        Consolidar o Sistema Regional de Alerta de Aluviões, em desenvolvimento pelo LREC, articulado numa rede estruturada de previsão, aviso e alerta de aluviões, em parceria com o SRPC-IP-RAM, IPMA, IFCN-IP-RAM e outros parceiros regionais.
·        Reforçar as ações de sensibilização da população, no domínio da proteção das aluviões e de ações de formação e informação, promovendo a coordenação interdepartamental e parcerias com as principais entidades regionais envolvidas, em consonância com as medidas não estruturais de proteção contra as inundações previstas na Diretiva Europeia 2007/60/CE e Decreto Legislativo Regional n.º 115/2010.
·        Promover o desenvolvimento de estudos estratégicos, de avaliação dos riscos e das respetivas medidas de adaptação e de mitigação, e do continuado esforço na monitorização e no conhecimento integrado dos processos naturais o desenvolvimento de estudos integrados de segurança hidráulica e estrutural dos principais cursos de água da Região.
·        Aprofundar a cooperação técnica com regiões/países cujas realidades e riscos de aluviões se assemelham com os da Região, colhendo ensinamentos e técnicas diferentes quanto à abordagem quanto á gestão integrada de tal tipo de risco natural.
·        Prosseguir nas intervenções de regularização de caudais de linhas de água de pequena e média dimensão, mitigando a vulnerabilidade de aglomerados urbanos, mais expostos aos riscos das aluviões.
·        Diligenciar no sentido da elaboração de legislação no domínio público hídrico, que tenha em especial atenção as singularidades dos cursos de água da RAM.
·        Assegurar o reforço da monitorização do funcionamento e do comportamento estrutural das estruturas de contenção e de retenção de material sólido construídas.
·        Reforçar as ações de renaturalização fluvial.

Património Imobiliário da RAM – Gestão e Rentabilização

O Governo Regional neste mandato continuará a investir na reabilitação e posterior rentabilização dos imóveis devolutos, degradados ou sub-rentabilizados, que sejam propriedade, direta ou indireta da RAM, assegurando e promovendo a preservação do património regional. Para tanto, propõe-se, através da PATRIRAM – Titularidade e Gestão de Património Público Regional, S.A., empresa pública pertencente ao setor empresarial da Região Autónoma da Madeira, que tem por objeto a titularidade, transmissão, gestão, rentabilização e reconversão de património imobiliário do domínio privado da Região Autónomo da Madeira, seja o que lhe for transmitido, seja o que esteja concessionado, a prosseguir as orientações estratégicas abaixo.

Orientações estratégicas

·        Promover a reabilitação/recuperação de imóveis do domínio privado da RAM, que reúnem condições para, após a sua reabilitação, albergar serviços públicos que atualmente se encontram a pagar rendas, desonerando o erário público e contribuindo para a renovação do património urbano e criando novas centralidades.
·        Proceder à aquisição de imóveis com vista à sua reabilitação/remodelação de forma a colmatar carências de ordem espacial, funcional e sustentáveis para a acomodação de serviços públicos.
·        Valorizar o património imobiliário da RAM.

Laboratório Regional de Engenharia Civil

O Governo Regional, através do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), nesta
legislatura irá aprofundar os conhecimentos e estender, à totalidade do território regional, as soluções técnicas já concebidas, ensaiadas e validadas em relativamente à avaliação do risco da ocorrência de fenómenos extremos suscetíveis de colocar em causa a segurança da população, englobando as vertentes dos escoamentos hidráulicos bifásicos excecionais, de inundação e de aluvião, de movimentos de massa e de incêndios florestais em zonas de orografia complexa, assegurando a recolha, manutenção de bases e tratamento de dados, a emissão de alertas, a formação de parceiros institucionais e a gestão operacional da instrumentação e redes, devendo ainda prosseguir a criação de um centro de investigação e de gestão de riscos naturais, no âmbito das suas competências e atribuições.

Orientações estratégicas

·        Aumentar a atividade de investigação, numa perspetiva de melhorar o conhecimento nas suas áreas de intervenção.
·        Garantir a intervenção estratégica de sustentabilidade, manutenção e gestão de infraestruturas, de acordo com o Sistema Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação (SRDITI).
·        Monitorizar infraestruturas existentes, realizar estudos de durabilidade, reparação, reabilitação com vista à manutenção e preservação do vasto património regional.
·        Planear e definir as medidas de avaliação de situações de emergência e de alerta precoce associado ao risco da ocorrência de catástrofes aluvionares em condições climatéricas adversas, o Laboratório Regional de Engenharia Civil dará sequência à conceção e implementação do sistema integrado de monitorização e de alerta de riscos naturais, com base na modelação numérica dos fatores climatológicos, hidráulicos e hidrológicos, geológicos, oceanográficos e florestais, incluindo a produção da informação para apoio à decisão em matéria de segurança de pessoas e de bens.

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