segunda-feira, abril 15, 2013

Estudo recomenda fim das notas de 500 euros

Li no site da RTP que "o debate sobre as notas de 500 euros voltou a reacender-se, num momento em que a Europa investe no combate à evasão fiscal. Conhecidas por ‘Bin Ladens” em Espanha, por raramente serem vistas por pessoas comuns, estas notas são muito utilizadas em atividades criminosas e na economia paralela, sendo um instrumento perfeito para quem quer armazenar dinheiro escamoteado aos impostos. A firma americana de investimento Merrill Lynch recomenda mesmo ao BCE que retire de circulação as notas e utilize os lucros da operação na recapitalização da economia europeia.“Embora o Banco Central Europeu não tenha previsto suprimir as notas de 500 euros, pensamos que o deveria fazer” escreve o analista da Merrill Lynch, Athanasios Vamvakidis, num estudo divulgado pela firma na semana passada. Segundo este analista, a nota de 500 euros representa agora 33 por cento do valor de euros em circulação, quando representava apenas 13,7 por cento quando foi introduzida em 2002. Em fevereiro de 2013 eram 290.000 milhões de euros, dois terços dos quais se calcula estarem em cofres particulares ou debaixo de colchões. Poucas pessoas os vêem passar à sua frente no dia a dia.“O que propomos é abolir a nota. Se fizerem isso vão enfraquecer o euro, já que um terço dos euros estão nesta denominação, o que seria bom para a economia”, diz o coautor do relatório da Merrill Lynch, referindo-se à consequente baixa do preço das exportações europeias.
Taxa de 100 por cento sobre as atividades ilegais
Segundo o analista da Merrill Lynch, a abolição da nota pode ser feita de forma a taxar as atividades ilegais.“A forma de fazer isso é dar um período de tempo curto para as pessoas depositarem estas notas num banco e transformá-las noutras denominações, e logo a seguir, abolir totalmente a nota” , explica Vamvakidis, “se fizerem isso e derem um tempo suficientemente curto, os criminosos não vão conseguir branquear esse dinheiro”. O estudo recomenda que, para além de um certo valor, os depositantes fossem obrigados a justificar a proveniência do capital de modo a garantir que era legal.
"Plano só teria vantagens" diz Merryl Lynch
O facto de haver maiores depósitos de dinheiro contribuiria para recapitalizar os conturbados bancos da Zona Euro. Além disso, todas as notas que não fossem depositadas no prazo de um mês ou que não pudessem ser justificadas por fontes de rendimento legais, passariam a figurar como lucros do Banco Central Europeu.“Isso equivale a aplicar uma taxa de 100 por cento sobre as notas de 500 euros que forem provenientes de lucros ilegais", diz Vamvakidis, que propõe que esse dinheiro poderia ser usado para recapitalizar os bancos da Zona Euro e para aumentar a capital do Mecanismo Europeu de Estabilidade [o fundo permanente de resgate da Zona Euro].“Não vimos nenhum indício que sugira que o BCE e as autoridades da Zona Euro estejam a considerar um esquema desses, mas acreditamos que a ideia só teria vantagens”, pode ler-se no estudo da Merrill Lynch.
Retiradas no Reino Unido
Não é a primeira vez que as notas de 500 euros estão debaixo de fogo. Em maio de 2011, foram retiradas de circulação no Reino Unido, depois de a polícia ter relacionado 90 por cento das notas a atividades criminosas desde a evasão fiscal até ao terrorismo.No ano anterior, as autoridades britânicas tinham apanhado em flagrante um gangue criminoso que branqueava capitais, enchendo caixas de cereais com notas de 500 euros até perfazer 300.000 euros em cada uma. A fraude ascendia a 24 milhões de libras esterlinas, quase 29 milhões de euros.
Uma das últimas "grandes notas" a nível mundial
Por causa do seu alto valor, estas notas são utilizadas para guardar dinheiro e não para o gastar, já que milhões de euros podem ser guardados num cofre de reduzidas dimensões. Outra desvantagem é a fraude. Em maio de 2012 as autoridades da União Europeia confiscaram cerca de 250.000 notas falsas de 500 euros. A nota de 500 euros é uma das últimas de grande valor ainda existentes a nível mundial. Nos Estados Unidos todas as notas acima de 100 dólares saíram do circuito monetário em 1969 na sequência de uma ordem executiva do então presidente Richard Nixon. Em 2000 o Canadá retirou da circulação a sua nota de 1000 dólares canadianos. Também nesses casos a utilização ilegal das notas esteve na origem da decisão"